ZERO HORA - 03/01
O cenário para o final do ano de 2013 não é muito bom, pois o crescimento do PIB será de somente 2,3%, a inflação (medida pelo IPCA) ficará acima da meta de 5,73% e o dólar mais caro, a R$ 2,34, de acordo com o último Boletim Focus. Além disso, deve-se chamar atenção para a carga tributária brasileira que é a mais pesada entre os países emergentes e a mais alta até que a do Japão e a dos Estados Unidos. Também a tributação no Brasil é complexa e injusta, porque mira o consumo, penalizando as faixas de menor renda.
Mas parece que essas informações ruins não têm impactado as finanças do cidadão brasileiro, uma vez que o Brasil vive um momento de muito consumo, ajudado pela classe média que usa demasiadamente o cartão de crédito, buscando mais status econômico através de bens materiais. Afinal, são 40 milhões de brasileiros que migraram para a classe média nos últimos cinco anos e querem acessar novos financiamentos de imóveis, carros e eletrodomésticos. E o consumo multiplica-se, fazendo com que até a produção industrial tenha dificuldades para o acompanhar. Só para se ter uma ideia, comparando-se dados do IBGE sobre a evolução da produção industrial (através da Pesquisa Industrial Mensal _ PIM) e o consumo de varejo (através da Pesquisa Mensal do Comércio _ PMC), nos últimos 10 anos, fica evidente essa defasagem. Enquanto o índice da produção industrial aumentou apenas 51%, o consumo chegou a 137%, ou seja, quase três vezes mais.
Isso leva a se concluir que praticamente toda a nova classe média está tendo acesso formal ao crédito e boa parte pela primeira vez. Os bancos fazem crescer suas ofertas de produtos, até porque os seus rendimentos estão sendo gradativamente diminuídos com a guerra das taxas de juros menores dos bancos públicos. Com isso, sua lucratividade tem sido significativa. De acordo com a revista de negócios Forbes, conhecida por suas listas, no ranking das 10 empresas mais poderosas do mundo em termos de patrimônio e de valor de mercado seis são de bancos. E, no Brasil, das 10 melhores classificadas nessa lista, quatro são bancos.
Então, é importante entender-se que, ao se utilizarem os produtos dos bancos, se paga muito caro e, o que é pior, se perde a oportunidade de fazer com que o dinheiro trabalhe para nós. Fundamental é fazer mais poupança, pois deve haver uma maior preocupação com o futuro, o qual parece sempre muito distante do brasileiro. É sabido que a poupança do cidadão vem diminuindo. Hoje, está em torno de 24% do PIB, quando, nos anos 70, 80 e 90, ela chegava a 30% do PIB.
Concluindo, não há dúvidas de que o cidadão bem equilibrado nas suas finanças e que faz poupança está de bem com a família, consigo mesmo e, principalmente, tem uma maior produtividade na empresa. Por isso, o investimento em finanças pessoais é urgente no Brasil, pois pode, inclusive, melhorar a relação pessoal nas famílias e até afetar o desempenho das empresas, reduzindo o número de faltas, em especial daqueles funcionários mais estressados com problemas financeiros. É sabido, também, que a educação financeira é passada ao funcionário, chegando até sua família.
Com esse cenário negativo, o consumidor deve estar precavido, deve pensar mais em finanças pessoais e em transformar uma parte do seu consumo em poupança.
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