ZERO HORA - 04/12
O preocupante desempenho da atividade econômica, confirmado pela retração do PIB no terceiro trimestre, é o dado mais importante a se agregar a um conjunto de indicadores desfavoráveis. Entre julho e setembro, a economia teve queda de 0,5%, performance que derrubou todas as previsões, depois das boas notícias do segundo trimestre, quando o PIB cresceu 1,8%. Constata-se assim que o país continua muito distante de um crescimento sustentado e que os estímulos setoriais concedidos pelo governo podem ter esgotado sua capacidade de resposta. Nem mesmo as obras para a Copa do Mundo, que envolvem investimentos na construção civil e na mobilidade urbana, ofereceram os retornos aguardados.
A frustração com a produção em queda é a mais preocupante das notícias ruins de final do ano. As outras informações têm se repetido com insistência nos últimos meses. A inflação não reflui, o juro básico subiu mais um pouco, as contas do governo aumentaram a tendência ao desequilíbrio e, mais recentemente, cresceram as dúvidas em relação a uma eventual reação da Petrobras, endividada e enfraquecida por interferências diretas do Planalto na gestão dos preços dos combustíveis. O caso da estatal é um bom exemplo da percepção generalizada de que falta confiança nas atitudes governamentais. Os empresários ainda aguardam sinais mais claros de que o ambiente é de fato propício a investimentos, depois de um longo período de estagnação. Os diagnósticos apresentados por analistas independentes convergem na conclusão de que o governo não consegue inspirar ações de médio e longo prazo.
Repetem-se, em meio a esse cenário de incertezas, as manifestações também nebulosas do ministro da Fazenda, que desde o ano passado procura transmitir um otimismo que não se confirma. Desta vez, o senhor Guido Mantega errou ao induzir que o terceiro trimestre registraria crescimento de 2,5%. Agora, confrontado com uma realidade inversa, o ministro afirma acreditar num PIB 2,5% maior este ano, contando com uma reação no último trimestre. Registre-se que, no início de 2013, o governo chegou a apostar num crescimento de 4,5%, que caiu depois para 3% e foi achatado pelo pífio trimestre encerrado em setembro.
O próprio governo tem repetido, para contestar o que considera alarmismo, que os níveis de emprego e de consumo têm se mantido. A dúvida, com a economia patinando, é se também esses indicadores resistirão no longo prazo. O Brasil dispõe de tempo e instrumentos para derrubar a previsão do FMI de que repetirá, também em 2014, o pior desempenho econômico entre os países emergentes.
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