FOLHA DE SP - 04/12
Queda da Petrobras é mais uma evidência de que gestão Dilma não tem estratégia adequada para a economia, que não sai da letargia
A queda de 10% no preço das ações da Petrobras na segunda-feira foi resultado direto do que já era intuído nas últimas semanas. A empresa permanece refém de uma política econômica inepta e eleitoreira, que acumula número cada vez maior de reveses.
Havia, entre investidores, a esperança de que o governo anunciasse uma nova política de preços para combustíveis capaz de dar algum respiro à Petrobras, há anos sufocada pelo populismo tarifário.
O aumento de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, destinado a reforçar o caixa da estatal, provocou decepção generalizada. Não só por ser uma correção insuficiente para eliminar a defasagem em relação aos preços internacionais, mas também por parecer feita na medida para a inflação neste ano ficar abaixo dos 5,84% registrados em 2012.
Foi mal recebida, ainda, a decisão do governo de manter secreta a fórmula de reajuste de preços --o que até permite especular sobre sua existência--, cuja função seria justamente dar mais previsibilidade ao fluxo de caixa da Petrobras.
São sinais eloquentes de que a estatal continuará uma marionete nas mãos do governo, queimando preciosos recursos que deveriam ser direcionados ao investimento.
Em si ruim, a novela dos combustíveis é apenas mais uma evidência de que o governo está preso em seu labirinto, acuado e incapaz de formular uma estratégia adequada para a gestão da economia.
A inflação permanece alta, os juros sobem, o dólar ameaça aumentar com mais intensidade, os resultados das contas públicas pioram e é cada vez mais claro que a economia crescerá pouco em 2014.
A retração de 0,5% no PIB do terceiro trimestre, em relação aos três meses anteriores, quase descarta uma expansão de 2,5% no ano --desempenho que já seria pífio. Para 2014, analistas começam a projetar resultado abaixo de 2%.
É particularmente preocupante que o PIB tenha encolhido sobretudo por causa dos investimentos, que caíram 2,2% no trimestre. Com isso, o acumulado do ano, positivo, apenas recuperará o tombo de 4% observado em 2012. Na prática, a taxa de investimento do Brasil permanece em parcos 18,6% do PIB, muito abaixo dos 25% da média dos emergentes e compatíveis com um crescimento de 4% ao ano.
Há, sem dúvida, um dado positivo: o desemprego de 5,2% é o menor da história. Este é o único --e fundamental-- indicador que destoa no quadro geral de dificuldades. Não se sabe até quando, pois renda, crédito e consumo crescem menos que no passado.
Talvez por aí se explique, com a ajuda das eleições, a resistência do governo a adotar grandes medidas saneadoras da economia. À luz da rapidez com que os problemas se acumulam, a teimosia pode custar muito caro ao país.
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