O Estado de S.Paulo - 14/07
Até agora não apareceu alguém interessado em levar (de graça, repito) o direito de usar a marca - Queijos & Quejandos - que inventei para uma improvável loja de laticínios. Em compensação, a crônica da semana passada, portadora do generoso oferecimento, suscitou uma penca de contribuições para minha lista de pessoas jurídicas com nomes bizarros, numa comprovação de que não sou o único a gastar o tempo com bobagens divertidas. Entre muita gente mais, tenho a companhia do Marcus, que de Belo Horizonte faz saber: existe lá uma loja que se chama Bin Laden Bombas Hidráulicas. Foi também na capital mineira que o escritor catarinense Victor da Rosa topou com a academia de musculação Bonsuor.
Começo a desconfiar, aliás, que em matéria de esquisitices onomásticas Minas Gerais é imbatível. Mencionei aqui uma Desentupidora Rola Bosta em Belo Horizonte - e eis que veio a Tania acrescentar detalhes: com a bandeira do saneamento básico e o nome eleitoral Tomaz Rola Bosta, o desentupidor em questão tentou abrir caminho na política, candidatando-se a vereador e deputado estadual. Não rolou.
Já a Beatriz mandou foto de uma funerária de Belo Vale, MG, que, a julgar pelo nome - Porta do Céu -, não enterra quem tenha morrido em pecado. Aos demais, promete cobrir "qualquer preço com 50% menos". Da também mineira Nova Lima, o Luís Augusto dá notícia de uma Alfaiataria Aguia de Ouro. Não, não faltou acento agudo: é "aguia" mesmo, teria dito o dono, virtuoso das agulhas.
Mas voltemos à Tania, colecionadora de bizarrias outras que as mineiras. Em Cochabamba, na Bolívia, ela fotografou o açougue especializado em aves El Pollo Pintudo. Mas pode parar com essa malícia aí: seria apenas "O frango boa-pinta". Nesse departamento, o Douglas informou que a Casa de Carnes Jocasta, citada na crônica anterior, ficava perto do prédio onde o famigerado Chico Picadinho, dado a retalhar mulheres, fatiou uma de suas primeiras vítimas. "Picadinho e açougue", arrematou o Douglas, "tudo a ver!". Quanto ao Mario Viana, descobriu no Centro de São Paulo o que pode ser "o primeiro açougue de reencarnações": a Casa de Carnes Eu Voltei.
Também foi fartamente lembrada a carne humana andante e rebolante, sobretudo quando aconchegada num motel. A referência que fiz a tais playgrounds sexuais levou leitores a informar que por todo o Brasil pululam motéis Cê que Sabe. Menos, suponho, no Rio Grande do Sul, onde o linguajar gaúcho mandaria escrever na fachada: Tu que Sabe. Alguém sugeriu que na saída dos estabelecimentos assim denominados se coloque uma placa, para o caso de as coisas não terem corrido a contento: "Cê que Quis..."
A Mirella contou que em Fortaleza há dois motéis, um em frente ao outro, cujos nomes parecem dialogar: "Vamos?" "Cê que Sabe". De Guarulhos me fizeram saber de um que, mesmo se chamando Virtual, acolhe o sexo presencial, inclusive em banda larga, para cujos trâmites se pode acessar as suítes Office, Virtua e Windows.
Mais de um gaiato (eis o que não falta) informou sobre motéis com nomes tão inusuais que o cronista houve por bem checar, para concluir que não passam de invencionices. Ainda assim, merecem registro, com os respectivos lemas, o Leilão ("Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três..."), o Maria Antonieta ("Aqui também você perde a cabeça") e o Sushi ("Onde o apressado come cru").
No que tange a outros prazeres do corpo, o globe-trotter Ralf contou que em Bilbao, no País Basco espanhol, há um refinado e concorrido Café Restaurante Bosta. Acionado em Madri, o repórter brasileiro Felipe Pamplona esclareceu: em idioma basco, a palavra quer dizer "o cinco". Faz sentido: a casa, que não só ao Ralf cheira bem, fica no nº 5 da Alameda Rekalde.
Em São Paulo, o Melchíades acrescentou a Au Au Miau Etc. e Tal à lista das pet shops arroladas pelo cronista, enquanto o Álvaro desencavava uma Demolidora Tremor e uma Edison Celulares. De Curitiba, o Luís Henrique contou que na mocidade, não tão distante assim, ia agarrar moças no drive in H'rros. Para não encompridar ainda mais o rol dos nomes pitorescos, fechemos com o leitor Osvaldo, que me revelou a existência, em São Paulo, do Aqui Jazz - salão de cabeleireiro que tem como vizinhos dois cemitérios, o de Vila Mariana e o Israelita. "Mais bizarro, impossível", diz o Osvaldo.
Tem certeza, Osvaldo?
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