O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é um viciado em otimismo. Uma a uma, vai perdendo suas apostas. Mas ele não desiste. Olha para o copo quebrado e diz: "Que bom, vamos ter um novo". O problema é que não basta trocar de copo. E preciso evitar que as quebras se repitam.
Suas projeções reluzentes sobre o desempenho econômico estão na memória de todos. Infelizmente, não dá para ter a mesma certeza do ministro quanto à evolução do PIB em 2013. Ele segue prevendo avanço entre 3,5% e 4,0%. Mas está difícil confiar.
O volume de incertezas ainda é alto e o agravamento da inflação no Brasil contribui para emperrar a máquina. As previsões estão ainda mais fortemente sujeitas a erros. O principal indicador de que 2013 ainda pode apresentar resultado insatisfatório (embora pouco melhor do que o de 2012) é o comportamento do investimento. O IBGE mostrou que, ao longo de 2012, a poupança nacional recuou de 17,2% do PIB para 14,8%; e o investimento, de 19,3% do PIB para 18,1%. Se o brasileiro está comendo sementes e matrizes, como ontem foi aqui apontado, não se pode esperar desempenho melhor da produção nos meses seguintes.
A idéia de que basta acionar o consumo para que a produção siga atrás está sendo contrariada pelas Contas Nacionais. Super protegida e derrubada pelos custos, a indústria de transformação do Brasil não se mostra capaz de ampliar seu mercado externo e nem sequer dá conta do consumo interno. A política adotada entrega cada vez mais mercado interno para o produtor externo.
O quarto trimestre de 2012 mostrou uma certa melhora em relação aos anteriores. A expansão do PIB, de 0,6% nos últimos três meses de 2012, corresponde a 2,4% ao ano. A indústria, por exemplo, cresceu 04% - o que, felizmente, não é outro recuo. E, na ótica da demanda, o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceu 0,5%. Mas esse ritmo melhor não é tração suficiente para um avanço do PIB de 3,5% a 4,0%.
Há fortes evidências de que o governo mudou seu curso. Entendeu que precisa garantir mais investimento. Mas isso não é como acontece nas granjas, onde só basta comprar poedeiras adultas para incrementar a produção de ovos. Os investimentos em infraestrutura levam uma enormidade para apresentar resultados. Não vai ser ainda em 2013 que mais obras em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e tal se transformarão em "pibão grandão", como o pretendido pela presidente Dilma.
A forte queda da poupança interna ao longo de 2012 traz um problema adicional: aumenta a dependência da poupança externa. Significa que alguns atrativos extras serão necessários - e não apenas conversas e roadshows ministeriais nas capitais financeiras do mundo - para atrair o investidor de fora do País.
Além disso, aumento do investimento externo pode implicar a necessidade de tolerar mais rombos nas contas externas (déficits em conta corrente), o que desembocaria em mais perda de mercado interno pela indústria.
E vá lá: se até relógio parado marca a hora correta pelo menos duas vezes por dia, o ministro ainda acabará acertando.
Vai mesmo mudar?
Falta saber se os ainda altos índices de aprovação da administração Dilma não serão obstáculo para as mudanças no mix de política econômica que o governo parece disposto a fazer.
Suas projeções reluzentes sobre o desempenho econômico estão na memória de todos. Infelizmente, não dá para ter a mesma certeza do ministro quanto à evolução do PIB em 2013. Ele segue prevendo avanço entre 3,5% e 4,0%. Mas está difícil confiar.
O volume de incertezas ainda é alto e o agravamento da inflação no Brasil contribui para emperrar a máquina. As previsões estão ainda mais fortemente sujeitas a erros. O principal indicador de que 2013 ainda pode apresentar resultado insatisfatório (embora pouco melhor do que o de 2012) é o comportamento do investimento. O IBGE mostrou que, ao longo de 2012, a poupança nacional recuou de 17,2% do PIB para 14,8%; e o investimento, de 19,3% do PIB para 18,1%. Se o brasileiro está comendo sementes e matrizes, como ontem foi aqui apontado, não se pode esperar desempenho melhor da produção nos meses seguintes.
A idéia de que basta acionar o consumo para que a produção siga atrás está sendo contrariada pelas Contas Nacionais. Super protegida e derrubada pelos custos, a indústria de transformação do Brasil não se mostra capaz de ampliar seu mercado externo e nem sequer dá conta do consumo interno. A política adotada entrega cada vez mais mercado interno para o produtor externo.
O quarto trimestre de 2012 mostrou uma certa melhora em relação aos anteriores. A expansão do PIB, de 0,6% nos últimos três meses de 2012, corresponde a 2,4% ao ano. A indústria, por exemplo, cresceu 04% - o que, felizmente, não é outro recuo. E, na ótica da demanda, o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceu 0,5%. Mas esse ritmo melhor não é tração suficiente para um avanço do PIB de 3,5% a 4,0%.
Há fortes evidências de que o governo mudou seu curso. Entendeu que precisa garantir mais investimento. Mas isso não é como acontece nas granjas, onde só basta comprar poedeiras adultas para incrementar a produção de ovos. Os investimentos em infraestrutura levam uma enormidade para apresentar resultados. Não vai ser ainda em 2013 que mais obras em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e tal se transformarão em "pibão grandão", como o pretendido pela presidente Dilma.
A forte queda da poupança interna ao longo de 2012 traz um problema adicional: aumenta a dependência da poupança externa. Significa que alguns atrativos extras serão necessários - e não apenas conversas e roadshows ministeriais nas capitais financeiras do mundo - para atrair o investidor de fora do País.
Além disso, aumento do investimento externo pode implicar a necessidade de tolerar mais rombos nas contas externas (déficits em conta corrente), o que desembocaria em mais perda de mercado interno pela indústria.
E vá lá: se até relógio parado marca a hora correta pelo menos duas vezes por dia, o ministro ainda acabará acertando.
Vai mesmo mudar?
Falta saber se os ainda altos índices de aprovação da administração Dilma não serão obstáculo para as mudanças no mix de política econômica que o governo parece disposto a fazer.
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