FOLHA DE SP - 03/03
A boa notícia da divulgação de sexta foi que o investimento no quarto trimestre cresceu 0,5%
O IBGE divulgou na manhã da última sexta-feira o resultado do produto referente ao quarto trimestre de 2012. O resultado foi o esperado pelos analistas. Crescimento de 0,6% ante o terceiro trimestre de 2012, considerando a série com ajuste sazonal.
O IBGE também reviu ligeiramente a taxa de crescimento do terceiro trimestre em relação ao segundo de 0,6% para 0,4%.
De sorte que a atividade econômica apresentou ao longo de 2012 ligeira recuperação.
As taxas trimestrais (sempre ante o trimestre anterior e considerando a série com ajuste sazonal) foram respectivamente de 0,1%, 0,3%, 0,4% e 0,6%.
No ano, o crescimento foi de 0,9%, na média de 2012 na comparação com a média de 2011.
A grande decepção de 2012 foi o investimento, que na média do ano em relação ao ano anterior regrediu 4,0%!
A redução do investimento explica a redução do crescimento do produto de 0,8 pontos percentuais.
Outro fator, pela ótica da demanda, que explica o desempenho ruim da atividade econômica foi o longo ciclo de desacumulação de estoques em seguida aos estoques excessivos acumulados na virada de 2010 para 2011.
O excesso de ativismo da política econômica em 2010 deixou para o primeiro biênio de Dilma a digestão desses estoques.
Infelizmente não temos nas contas nacionais trimestrais uma medida de acumulação de estoques a preços constantes.
Assim, é difícil saber qual foi a contribuição da desacumulação de estoques para o péssimo resultado do PIB em 2012.
Sob a hipótese de que a soma do produto a preços constantes pela ótica da demanda, incluindo a acumulação de estoques, seja igual ao produto medido pela ótica da oferta, obtemos que a desacumulação de estoques em 2012 respondeu por uma redução do produto de 0,9 ponto percentual.
Assim, a acumulação de estoques e o investimento (chamado de formação bruta de capital fixo) respondem por 1,7 ponto percentual de redução da atividade.
Compensando, o consumo das famílias e das administrações públicas explicam 2,6 pontos percentuais de crescimento, enquanto a demanda externa, exportação líquida das importações se compensaram.
No final das contas, o impacto do consumo sobre o crescimento, que foi de 2,6 pontos percentuais menos 1,7, produz o crescimento de 0,9%.
A boa notícia da divulgação de sexta-feira foi que o investimento no quarto trimestre de 2012 cresceu 0,5%. Diferentemente, esperávamos no Ibre novo recuo de 1,6%.
Assim, temos o primeiro sinal de retomada do investimento.
Trata-se ainda de um sinal modesto. O motivo é que a retomada do investimento no quarto trimestre ocorreu com recuo da indústria de transformação e da construção civil e, para os que acompanham os dados da pesquisa industrial mensal do IBGE, recuo da indústria de bens de capital.
Ou seja, a retomada do investimento no final de 2012 representou forte crescimento das importações de máquinas, o que sugere que se trata de investimento para recompor o capital depreciado. e não novos investimentos.
Esses requerem um aumento do investimento em estruturas que aparentemente não ocorreu, pois a indústria da construção civil recuou.
Para 2013, o desempenho da atividade deve continuar a apresentar a longa e lenta recuperação dos excessos da virada de 2010 para 2011.
A recuperação do investimento com o fim do ciclo de desacumulação de estoques deve colocar o PIB na casa de 3% com crescimento do investimento em 3%.
Se tudo der certo, em 2013 cresceremos 0,9% por trimestre e o investimento crescerá 1,5% por trimestre, o que garantirá o crescimento do produto em torno de 3%.
Resta saber como reagirá a inflação. Mas esse já é tema para outra coluna.
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