O GLOBO - 03/03
O verdadeiro multiuniverso, falado pelos cosmólogos e físicos após o surgimento da Teoria das Cordas, é o bate-papo. O Big-Bang foi uma conversa singular que terminou em porrada. Os cientistas usam muitos nomes. Não pega bem um sábio dizer que tudo se resume a um bom papo. O bóson de Higgs, por exemplo. É uma hipótese sobre o encontro de personagens do imortal Chico Anysio: Bozó, Coalhada, Azambuja, todos sacudindo o rabo da cascavel, feito FHC I e II, meio de porre no Sambódromo, antes de um assessor tomar-lhe o copo. Deixa o Fernando biritar!
Retomando o papo: antes de escolher a palavra bóson, Higgs cogitou léron, muito mais bacana. O carnavalesco da Tijuca ia usar o bóson no enredo, mas teve medo do carro alegórico desaparecer em outra dimensão. Ele jura que vai tentar ano que vem. A blogueira cubana será o destaque, com a fantasia “Incerteza Quântica”, ou “Viro tucana? Quanto?”.
Papo cura pânico. João Bosco e eu temos pluripapos no telefone nos quais abordamos desde a chuva de meteoros até o ministério da ex-cultura, na gestão da Mar(mo)tha. No caso dos corpos celestes, Bosco leva o assunto a sério. Eu acho que são lascas de obras superfaturadas para a Copa & Olimpíadas. No Princípio e no Fim, caros, é a Verba que manda. Num desses multipapos, Bosco disse uma frase que abriu uma cratera em minha cuca:
— Tem uma linha ligando o desprezo pela vida humana, que matou os jovens em Santa Maria, e os sorrisos de Collor e Renan na casa de tolerância. O problema é que há muitos pontos e vemos raras linhas. Não aprendemos a ligar os pontos.
Bosco tem razão. Sugiro que a gente use novos pontos e linhas para ver as relações entre o que parece não ter nada em comum. Bento Calibre XVI renuncia. Um cardeal foi afastado do conclave por azarar seminaristas. Outros dois, que encobriram o mesmo crime, estarão presentes, sendo que um com chance de fumacê branco. Liguem os pontos.
Um simples livro de entretenimento, “Por sua conta e risco”, de Josh Bazell, conta coisas assim: o primeiro “negócio” de Baby Bush foi financiado por Salim e Khalid. Sobrenomes? bin Laden. Liguem os pontos. 61% das baixas americanas no Vietnã tinham menos de 21 anos. A candidata a vice dos EUA, Sarah Palin, achava que a África era um país, ofereceu 150 dólares a quem matasse um lobo atirando de avião, e, na época da indicação, não sabia quem era Thatcher. O paisinho dela divertia-se explodindo, com balaços de rifle, cabeças de mamíferos que subiam para respirar nas águas geladas.
Querem ligar pontos no Brasil? No Engenhão, há estátuas de Garrincha, Nilton Santos e Jairzinho. A próxima seria do Didi, mas os cartolas irão de Zagalo. A razão? Já está paga pelo Marins, o “Ide-A-Mim” o ouro dos meninos no bolso, presidente da CBF.
A violência e as chacinas continuam em Santa Catarina, São Paulo etc., porque os detentos estão governando de dentro das cadeias. Vendo Collor e Renan numa boa, eles acham, com razão, que o crime compensa. Os presos já ligaram os pontos...
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