O fim de semana foi de novo impulso à antecipação eleitoral, com o PMDB reiterando em convenção sua aliança com o PT para reeleger a presidente Dilma. Mas apesar dos afagos dela e das juras dos cardeais, os conflitos e tensões latentes só aumentaram desde o tiro de largada do último dia 20. Tudo o que se passou depois reforça uma pergunta: com a antecipação, que vantagem levará Maria, ou melhor, Dilma?A pedido do vice-presidente Michel Temer, ela adiou para depois da convenção deste fim de semana a esperada reforma ministerial. Mas agora o PMDB passará a dizer, com mais desenvoltura, que está subpresentado no governo, tendo cinco ministérios contra 14 do PT. Eleitoralizada a conjuntura, passará a buscar na montagem dos palanques estaduais, embora saindo em desvantagem no Rio, onde o PT lançou a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo, contra a do vice-governador Pezão, gestada pelo governador Sergio Cabral.
Relativamente à representaçao no ministério, um dos cardeais avisa: não venham com o argumento de que o PMDB já têm as presidências das duas Casas do Congresso. A do Senado decorre do fato de o partido ter a maior bancada. Na Câmara, a bancada peemedebista hoje é a segunda, mas era a primeira quando foi firmado o acordo de revezamento com o PT. As ambições ou frustrações peemedebistas já existiam, mas o momento agora favorece a apresentação das faturas. O PSB ameaça deixar a coalizão dilmista e alguns dos partidos menores estão sendo cortejados pelos tucanos. Já tendo conquistado o comando das duas Casas legislastivas com apoio do PT e assegurado a Temer a vaga de vice em 2014, o objetivo agora é, no dizer de um prócer, "equilibrar a representação" no ministério. Dilma foi ao jantar com que Temer homenageou Sarney, inaugurou o novo museu do Rio com Eduardo Paes e a fábrica de submarinos com Cabral, chamou Pezão de "meu querido" e foi ontem à convenção. Mas de ministério, continua evitando falar. Quando alguém aborda o assunto, ela franze a testa e dispara a falar de outra coisa.
Agora o PMDB quer tratar do assunto com franqueza. A prometida nomeação do paulista Gabriel Chalita vai sair ou foi descartada, como assopram do Palácio? E o ministério para os mineiros, como ficará? Para equilibrar a representação, dirão eles, isso não basta.
Proveta, não
Num sinal de que a desconfiança persiste, apesar do clima aparente de paz e amor, o PMDB aprovou uma moção estabelecendo que, para ocupar cargo público representando o PMDB, o indicado precisa ter pelo menos seis meses de filiação.
Isso é vacina, para evitar que Dilma tente usar o partido como barriga de aluguel para ministros seus, com carimbo do partido. Recentemente, houve um movimento para filiar Josué Gomes da Silva, filho do falecido vice-presidente José Alencar, que em seguida seria nomeado para um ministério da cota do partido.
Guerras regionais
Dilma verá também se multiplicarem, faltando tanto tempo para o início da campanha, conflitos como o do Rio, entre petistas e peemedebistas. A "candidata energética", como se definiu, gastará energia administrando essas guerras, tarefa que pode também ficar com Lula. Ao governador Cabral, o ex-presidente praticamente disse para se conformar com os dois palanques pró-Dilma, recusando polidamente o pedido para obter a desistência de Lindbergh. Tendo o apoio de dois palanques, na campanha ela iria aos dois, não favorecendo nenhum, disse Lula. Mas, na prática, todo mundo sabe que isso não acontece. Não aconteceu em 2010, por exemplo.
Já tendo problemas com o PSB, o PDT e o PR, ao acelerar a campanha, Dilma abriu também a tampa da panela em que o PMDB cozinhava suas insatisfações e pretensões. Por isso muita gente do ramo se pergunta: o que ela ganhou com isso?
Por ora, desentocou um adversário, o tucano Aécio Neves, acirrou os conflitos com o PSB e despertou o instinto de auto-valorização do PMDB. Na economia e na administração, todas as medidas enfrentarão questionamentos sobre eventual caráter "eleitoreiro", reforçando a desconfiança que as manobras contábeis do ano passado suscitaram nos agentes econômicos. Se a antecipação não tiver uma forte razão ainda desconhecida, terá contrariado velho consenso político sobre os governos de quatro anos: o primeiro é para arrumar a casa, o segundo é para planejar e dar início aos projetos mais arrojados, e o terceiro para executá-los. O quarto será ano de campanha e de inaugurações, enquanto a lei deixar.
Judicialização
O script da semana legislativa já está pronto. São de 100% as chances de o Congresso derrubar na terça-feira, pela força das bancadas dos estados não produtores de petróleo, os vetos da presidente Dilma Rousseff que garantiram maior quinhão aos estados produtores. Publicada a lei, o governador do Rio, Sérgio Cabral, entrará no STF com a Ação direta de inconstitucionalidade, que já foi preparada pelo jurista Luiz Roberto Barroso. Mais uma vez, uma decisão legislativa será judicializada, abrindo espaço para a arbitragem do STF.
Impedimento
Não se deve tratar dos vetos com o líder do PMDB, Eduardo Cunha. Sendo ele do Rio, e estando sua bancada majoritariamente disposta à derrubada, ele entregou a condução do assunto ao vice lider Marcelo de Castro (PI).
Relativamente à representaçao no ministério, um dos cardeais avisa: não venham com o argumento de que o PMDB já têm as presidências das duas Casas do Congresso. A do Senado decorre do fato de o partido ter a maior bancada. Na Câmara, a bancada peemedebista hoje é a segunda, mas era a primeira quando foi firmado o acordo de revezamento com o PT. As ambições ou frustrações peemedebistas já existiam, mas o momento agora favorece a apresentação das faturas. O PSB ameaça deixar a coalizão dilmista e alguns dos partidos menores estão sendo cortejados pelos tucanos. Já tendo conquistado o comando das duas Casas legislastivas com apoio do PT e assegurado a Temer a vaga de vice em 2014, o objetivo agora é, no dizer de um prócer, "equilibrar a representação" no ministério. Dilma foi ao jantar com que Temer homenageou Sarney, inaugurou o novo museu do Rio com Eduardo Paes e a fábrica de submarinos com Cabral, chamou Pezão de "meu querido" e foi ontem à convenção. Mas de ministério, continua evitando falar. Quando alguém aborda o assunto, ela franze a testa e dispara a falar de outra coisa.
Agora o PMDB quer tratar do assunto com franqueza. A prometida nomeação do paulista Gabriel Chalita vai sair ou foi descartada, como assopram do Palácio? E o ministério para os mineiros, como ficará? Para equilibrar a representação, dirão eles, isso não basta.
Proveta, não
Num sinal de que a desconfiança persiste, apesar do clima aparente de paz e amor, o PMDB aprovou uma moção estabelecendo que, para ocupar cargo público representando o PMDB, o indicado precisa ter pelo menos seis meses de filiação.
Isso é vacina, para evitar que Dilma tente usar o partido como barriga de aluguel para ministros seus, com carimbo do partido. Recentemente, houve um movimento para filiar Josué Gomes da Silva, filho do falecido vice-presidente José Alencar, que em seguida seria nomeado para um ministério da cota do partido.
Guerras regionais
Dilma verá também se multiplicarem, faltando tanto tempo para o início da campanha, conflitos como o do Rio, entre petistas e peemedebistas. A "candidata energética", como se definiu, gastará energia administrando essas guerras, tarefa que pode também ficar com Lula. Ao governador Cabral, o ex-presidente praticamente disse para se conformar com os dois palanques pró-Dilma, recusando polidamente o pedido para obter a desistência de Lindbergh. Tendo o apoio de dois palanques, na campanha ela iria aos dois, não favorecendo nenhum, disse Lula. Mas, na prática, todo mundo sabe que isso não acontece. Não aconteceu em 2010, por exemplo.
Já tendo problemas com o PSB, o PDT e o PR, ao acelerar a campanha, Dilma abriu também a tampa da panela em que o PMDB cozinhava suas insatisfações e pretensões. Por isso muita gente do ramo se pergunta: o que ela ganhou com isso?
Por ora, desentocou um adversário, o tucano Aécio Neves, acirrou os conflitos com o PSB e despertou o instinto de auto-valorização do PMDB. Na economia e na administração, todas as medidas enfrentarão questionamentos sobre eventual caráter "eleitoreiro", reforçando a desconfiança que as manobras contábeis do ano passado suscitaram nos agentes econômicos. Se a antecipação não tiver uma forte razão ainda desconhecida, terá contrariado velho consenso político sobre os governos de quatro anos: o primeiro é para arrumar a casa, o segundo é para planejar e dar início aos projetos mais arrojados, e o terceiro para executá-los. O quarto será ano de campanha e de inaugurações, enquanto a lei deixar.
Judicialização
O script da semana legislativa já está pronto. São de 100% as chances de o Congresso derrubar na terça-feira, pela força das bancadas dos estados não produtores de petróleo, os vetos da presidente Dilma Rousseff que garantiram maior quinhão aos estados produtores. Publicada a lei, o governador do Rio, Sérgio Cabral, entrará no STF com a Ação direta de inconstitucionalidade, que já foi preparada pelo jurista Luiz Roberto Barroso. Mais uma vez, uma decisão legislativa será judicializada, abrindo espaço para a arbitragem do STF.
Impedimento
Não se deve tratar dos vetos com o líder do PMDB, Eduardo Cunha. Sendo ele do Rio, e estando sua bancada majoritariamente disposta à derrubada, ele entregou a condução do assunto ao vice lider Marcelo de Castro (PI).
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