FOLHA DE SP - 22/02
BRASÍLIA - Alguém precisa ensinar aos embaixadores da Venezuela e de Cuba que, tudo bem, seus chefes são amigos de Lula, do governo e do PT, mas que isso aqui não é a casa da mãe-joana. Se Chávez e os irmãos Castro não irão fazê-lo, o governo brasileiro deveria ajudá-los nessa aula básica de diplomacia.
Foi-se o tempo em que embaixadores norte-americanos, por exemplo, conspiravam abertamente no Brasil, ora contra o governo brasileiro, ora com o próprio governo.
Não é profissional, nem trivial, nem aceitável que embaixadores estrangeiros participem de reuniões partidárias ou promovam encontros para atiçar militantes do país com qualquer finalidade política. De tão básicos, esses princípios nem precisariam constar de documentos internacionais. Mas constam.
Apesar disso, o embaixador venezuelano, Maximilien Arveláiz, participa de ato do PT em apoio a condenados pelo Supremo Tribunal Federal pelo mensalão. E o cubano, Carlos Zamora, reúne na embaixada militantes brasileiros e até um funcionário da Secretaria-Geral da Presidência da República para divulgar um dossiê malicioso e articular atos dentro do país contra a blogueira cubana Yoani Sánchez. Um espanto!
A ação comprova que ditaduras, além de tudo, são ousadas e burras. Cubanos não entendem patavinas de jornalismo e, ao organizar uma recepção com insultos e grosserias, deram outra dimensão à viagem da "perigosa" Yoani, que comete o crime de falar, escrever e discordar.
Em vez de algumas linhas na chegada, ela foi alçada durante dias às primeiras páginas e à TV. Em vez de lançar um livro e divulgar um documentário no aconchego do interior da Bahia, ela fez isso dentro do Congresso Nacional. Virou uma estrela.
Fidel e Raúl Castro, porém, ainda têm uma boa chance de dar a volta por cima, mostrando que o regime se abre, Yoani exagera e tudo será diferente daqui para a frente. Depende de como receberão a moça na volta...
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