O economista Ilan Goldfajn, do Itaú BBA, acha que a economia brasileira está num ponto que permite uma visão dupla: o crescimento de 2013 será maior que o de 2012, e sempre pode ser considerado que é o início da recuperação, mas 3% é uma taxa baixa. A inflação não vai explodir, mas não há mais gordura alguma para absorver choque de commodities ou de câmbio.
Nessa margem estreita, o Banco Central terá que operar. A recuperação foi menor do que a imaginada, e a inflação, maior do que a projetada. Se quiser estimular o crescimento, ele pode acabar correndo riscos inflacionários.
- A surpresa com a inflação tem um pedaço que é explicado pelo câmbio. Claro que há o componente dos serviços, que subiram muito, mas o que mudou foi o impacto do câmbio sobre bens duráveis e o choque das commodities. Isso é que provocou toda a discussão sobre que políticas usar. Alguns dizem que a inflação não está descontrolada e que vai oscilar dentro do espaço de tolerância da meta, mas o problema é que ela está estacionada há muito tempo num patamar muito alto. Está há cinco anos com a inflação implícita em torno de 5,5% a 6%. Estabeleceu-se um novo patamar e isso é ruim - disse Ilan Goldfajn.
A dificuldade da conjuntura brasileira este ano é não haver espaço para surpresas ruins. Por isso, é preciso fazer alguns ajustes. Um deles é restabelecer a credibilidade do combate à inflação, para convencer os agentes econômicos de que ela não vai fugir ao controle. O lado bom do momento, explica Ilan, vem do cenário internacional:
- Desde que Mario Draghi (presidente do Banco Central Europeu) garantiu que vai fazer a expansão monetária que for preciso para socorrer os bancos e os países, e entrou em ação o instinto de sobrevivência da chanceler alemã Angela Merkel, saiu do cenário a quebra do euro. A China também evitou o hard landing (redução rápida do crescimento). Os Estados Unidos deixaram para trás o cenário do abismo fiscal. Essas três ameaças que pairavam sobre 2012 saíram de cena.
Com o mundo um pouco melhor, e a chance de um pouco mais de crescimento este ano no Brasil, as autoridades terão que fazer sua estratégia para manter o crescimento, elevando o investimento e reduzindo as taxas de inflação. A notícia não tão boa, alerta, é que está claro que as economias dos Estados Unidos e da Europa ficarão um longo tempo crescendo pouco.
O dado divulgado pelo Banco Central, o índice IBC-Br, de atividade econômica, na quarta-feira, veio abaixo do que foi previsto pela equipe do banco Itaú. E eles trabalham com a hipótese - aceita em geral - que a taxa de crescimento a ser divulgada pelo IBGE será um pouco mais baixa, não fugindo muito de 1%.
Após um período de atividade tão fraca é normal a recuperação, mas ela deveria ser ainda mais forte do que 3%. E isso por várias razões: há o efeito estatístico e houve uma queda forte dos juros que deveria estar estimulando o crescimento. No entanto, o IBGE muito provavelmente confirmará o sexto trimestre de redução do investimento:
- Tivemos um janeiro bom, com aumento na produção de veículos, caminhões, mas ainda não vemos uma recuperação muito forte. O investimento está muito ruim mesmo. Não é que ele está parado. É pior: ele está encolhendo para 17% do PIB. Isso pode ser revertido após um período de dois a três trimestres seguidos de crescimento, que eleve o otimismo do empresariado. Uma outra forma de reverter isso é deslanchando obras de infraestrutura. Isso poderia puxar o PIB.
Parte do baixo crescimento, na visão do ex-diretor do Banco Central, vem do fato de que houve um excesso de investimento em 2010:
- Muita gente animou-se com o aumento da demanda e abriu novas lojas, iniciou novas fábricas. Depois, o crescimento caiu e os empresários ficaram com esse excesso.
Torcer para que não haja qualquer choque que impacte os preços e achar os instrumentos certos para elevar o investimento e o crescimento. Esse é o desafio deste ano, em que a política decidiu antecipar o calendário eleitoral.
Nessa margem estreita, o Banco Central terá que operar. A recuperação foi menor do que a imaginada, e a inflação, maior do que a projetada. Se quiser estimular o crescimento, ele pode acabar correndo riscos inflacionários.
- A surpresa com a inflação tem um pedaço que é explicado pelo câmbio. Claro que há o componente dos serviços, que subiram muito, mas o que mudou foi o impacto do câmbio sobre bens duráveis e o choque das commodities. Isso é que provocou toda a discussão sobre que políticas usar. Alguns dizem que a inflação não está descontrolada e que vai oscilar dentro do espaço de tolerância da meta, mas o problema é que ela está estacionada há muito tempo num patamar muito alto. Está há cinco anos com a inflação implícita em torno de 5,5% a 6%. Estabeleceu-se um novo patamar e isso é ruim - disse Ilan Goldfajn.
A dificuldade da conjuntura brasileira este ano é não haver espaço para surpresas ruins. Por isso, é preciso fazer alguns ajustes. Um deles é restabelecer a credibilidade do combate à inflação, para convencer os agentes econômicos de que ela não vai fugir ao controle. O lado bom do momento, explica Ilan, vem do cenário internacional:
- Desde que Mario Draghi (presidente do Banco Central Europeu) garantiu que vai fazer a expansão monetária que for preciso para socorrer os bancos e os países, e entrou em ação o instinto de sobrevivência da chanceler alemã Angela Merkel, saiu do cenário a quebra do euro. A China também evitou o hard landing (redução rápida do crescimento). Os Estados Unidos deixaram para trás o cenário do abismo fiscal. Essas três ameaças que pairavam sobre 2012 saíram de cena.
Com o mundo um pouco melhor, e a chance de um pouco mais de crescimento este ano no Brasil, as autoridades terão que fazer sua estratégia para manter o crescimento, elevando o investimento e reduzindo as taxas de inflação. A notícia não tão boa, alerta, é que está claro que as economias dos Estados Unidos e da Europa ficarão um longo tempo crescendo pouco.
O dado divulgado pelo Banco Central, o índice IBC-Br, de atividade econômica, na quarta-feira, veio abaixo do que foi previsto pela equipe do banco Itaú. E eles trabalham com a hipótese - aceita em geral - que a taxa de crescimento a ser divulgada pelo IBGE será um pouco mais baixa, não fugindo muito de 1%.
Após um período de atividade tão fraca é normal a recuperação, mas ela deveria ser ainda mais forte do que 3%. E isso por várias razões: há o efeito estatístico e houve uma queda forte dos juros que deveria estar estimulando o crescimento. No entanto, o IBGE muito provavelmente confirmará o sexto trimestre de redução do investimento:
- Tivemos um janeiro bom, com aumento na produção de veículos, caminhões, mas ainda não vemos uma recuperação muito forte. O investimento está muito ruim mesmo. Não é que ele está parado. É pior: ele está encolhendo para 17% do PIB. Isso pode ser revertido após um período de dois a três trimestres seguidos de crescimento, que eleve o otimismo do empresariado. Uma outra forma de reverter isso é deslanchando obras de infraestrutura. Isso poderia puxar o PIB.
Parte do baixo crescimento, na visão do ex-diretor do Banco Central, vem do fato de que houve um excesso de investimento em 2010:
- Muita gente animou-se com o aumento da demanda e abriu novas lojas, iniciou novas fábricas. Depois, o crescimento caiu e os empresários ficaram com esse excesso.
Torcer para que não haja qualquer choque que impacte os preços e achar os instrumentos certos para elevar o investimento e o crescimento. Esse é o desafio deste ano, em que a política decidiu antecipar o calendário eleitoral.
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