domingo, dezembro 09, 2012

Sem ajuda externa - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 09/12


COM ALVARO GRIBEL E VALÉRIA MANIERO



O comércio externo este ano não está ajudando. Esse é um dos motivos para o PIB fraco. Exportações e importações estão em queda na comparação com 2011. A corrente de comércio está menor, e o saldo cai 30%. Commodities que o Brasil exporta ficaram mais baratas, principalmente o minério de ferro, mas pode-se dizer que o campo salvou a lavoura: a exportação de soja cresceu.

Embora não seja exportadora de produtos industriais, a economia brasileira tem essa vantagem, vende matérias-primas metálicas e agrícolas. Mesmo em tempos de crise externa, quando uma cai há chance de que a outra suba. O preço do minério de ferro está 25% menor, em média, este ano, mas problemas climáticos nos EUA e na Argentina pressionaram as cotações da soja e os nossos ganhos aumentaram. A tendência deve continuar no ano que vem, de acordo com José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

— O complexo soja em 2013 deve se tornar nosso principal grupo exportado, passando o minério de ferro, que irá para o segundo lugar. Depois, virão petróleo e derivados — disse.

A exportação de minério de ferro, de janeiro a novembro, está US$ 10 bilhões menor do que no mesmo período de 2011. Exportamos US$ 28 bi contra US$ 38 bi. Queda de 30%. O impacto sobre a balança comercial não foi maior porque o complexo soja subiu. Ao todo, as vendas externas de soja em grãos, farelo de soja e óleo de soja cresceram 11%, de US$ 22,6 bilhões para US$ 25,2 bilhões. A estimativa de José Augusto de Castro é de que em 2013 as exportações do complexo soja cheguem a US$ 32 bilhões e as de minério fiquem em US$ 29 bi.

De janeiro a novembro, as exportações, ao todo, estão 4,7% menores. As importações caíram 1,1%, e a corrente de comércio, 3%. O saldo comercial despencou 30%: US$ 17 bilhões contra US$ 25 bi do mesmo período de 2011.

Há muita incerteza sobre o comércio externo em 2013. A Europa está em crise, há ameaça de abismo fiscal nos EUA, e a China pode crescer menos. Tudo indica que a retomada do crescimento não virá das exportações, mesmo que o real fique mais fraco.

Campeão com menos fôlego

Desde 2011, a tendência é de queda do preço do minério de ferro, nosso principal produto exportado, como se vê no gráfico abaixo. Algumas altas ocorreram no período, mas não se sustentaram. Segundo o economista Artur Manoel Passos, do Itaú Unibanco, ele foi negociado a um preço médio de US$ 170 a tonelada, em 2011. Este ano, chegou a cair abaixo de US$ 100 e depois subiu para US$ 120. Em 2013, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) estima que o preço cairá mais um pouco.

Até tu? O banco central alemão revisou de 1,6% para 0,4% a previsão de crescimento do país para 2013. Para 2012, prevê alta de 0,7%, mas não descarta queda do PIB no último trimestre.

VAREJO SOBE. Sai na quinta-feira o resultado do comércio em outubro. A expectativa é que acelere depois do resultado fraco em setembro.

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