FOLHA DE SP - 09/12
MP 579 pode levar indústria a morrer na praia, diz Alcoa
"Estamos delegando a segundo plano um dos objetivos da medida provisória 579 que é a competitividade da indústria", diz Franklin Feder, presidente da Alcoa para América Latina e Caribe.
A medida provisória 579 reduz os encargos sobre a energia elétrica e prorroga as concessões, em troca da diminuição de tarifas.
Produtora de alumínio, a Alcoa é intensiva em energia e tem sido há anos uma das vozes mais ativas pelo corte de custos de eletricidade.
Em junho passado, em audiência no Planalto, Feder ouviu da presidente Dilma Rousseff a decisão de que cortaria o preço da energia, como havia feito com os juros.
"No nosso caso, nós chegamos a no máximo 11% de redução. E não conheço qualquer outra empresa eletrointensiva que tenha tido queda de 28%", afirma.
"Essa queda de 11% ainda depende de modificação no contrato com a Eletronorte", ressalva. Além disso, uma pequena valorização do real, pode zerar o ganho.
"A preocupação é que vamos acabar morrendo na praia. E creio que não seja só minha", afirma.
Apesar dos resultados até o momento, Feder continua a elogiar a iniciativa.
"Foi extremamente corajosa a medida da presidente Dilma. Tal qual fez com juros e câmbio, quando resolve fazer, ela faz."
Para ele, entretanto, a discussão tem se concentrado na renovação das concessões.
"Ela é importante, os números são claros: vale mais a pena não renovar nessas condições. Mas a questão da competitividade da indústria está sendo esquecida."
O futuro do mercado livre, onde estão os grandes usuários, "ainda é uma bola de cristal", diz.
Com pequenos ajustes, essa questão poderia se resolver, defende Feder.
Uma alternativa seria transferir uma cota de energia do mercado cativo (de pequenos e médios consumidores) para o mercado livre. A ideia, entretanto, poderia acarretar aumento para usuários como os residenciais.
"O que estamos pleiteando é apenas uma precificação que nos equipare a países produtores de alumínio."
O preço da energia no Brasil está entre 30% e 40%, dependendo da taxa de câmbio, acima da de outros países, segundo o executivo.
"Espero que todos sentemos à mesa e negociemos melhor. O maior investimento da Alcoa no mundo está aqui."
"Depois de tanto esforço, se a MP for aprovada como está, ficará uma situação complicada para a nação e o governo quando a indústria disser 'obrigada, foi uma iniciativa legal, mas não dá para manter as operações"
"No nosso caso, nós chegamos a no máximo 11% de redução do custo da energia. E não conheço qualquer outra empresa eletrointensiva que tenha tido queda de 28%. Com uma alta do real, voltamos à estaca zero"
DE VOLTA PARA A ESTRADA
Com investimentos de R$ 78 milhões, a Viação Cometa adquiriu 170 novos ônibus na semana passada para renovar sua frota.
O número representa 17% do total de veículos da empresa, de acordo com Carlos Otávio Antunes, presidente da Cometa, que compõe o Grupo JCA.
"Para 2013, esperamos um crescimento entre 11% e 12% devido à volta de passageiros que estavam usando o serviço aéreo", afirma.
Antunes diz também que serão mantidos os serviços de fretamento para transporte de funcionários de grandes empresas e as rotas de distância curta -medidas tomadas para diminuir o impacto da concorrência aérea.
"Obtivemos um ótimo retorno neste segmento."
Neste ano, o faturamento da companhia, que transporta cerca de 1,2 milhão de pessoas por mês, será de R$ 400 milhões, ante os R$ 352 milhões de 2011.
R$ 400 milhões será o faturamento da Cometa neste ano
R$ 78 milhões foram investidos na aquisição de 170 novos ônibus
14,4 milhões é a quantidade de passageiros transportados anualmente
1.000 é o tamanho da atual frota de ônibus da empresa
O QUE ESTOU LENDO
Tercio Sampaio Ferraz Jr., fundador do escritório Sampaio Ferraz Advogados
"Nunca leio um livro só", conta Tercio Sampaio Ferraz Jr., especialista em direito da concorrência, regulatório e econômico internacional e fundador do escritório Sampaio Ferraz Advogados.
No momento, ele se dedica também a releituras, como "A Tale of Two Cities", de Charles Dickens.
"Evoca-me a adolescência, com a descrição dramática do 'terror' na Revolução Francesa e do amor desprendido capaz de doar-se incondicionalmente."
Titular aposentado da Faculdade de Direito da USP, Ferraz lê também "Mephisto", do escritor alemão Klaus Mann.
A obra, que trata da tragédia de um ator em pleno nazismo, chegou a ser proibida por ordem da Suprema Corte alemã.
Para as horas de voo, Ferraz reserva "A Dama do Cachorrinho e Outras Histórias", coletânea de contos do russo Tchékhov.
"Se podem ler [as histórias] em uma curta viagem", diz.
"E para o prazer de curtir a arte de lecionar, 'Nietzsche', um compêndio das aulas de Martin Heidegger", afirma o professor.
ALTA NOS PREÇOS
Quase todas as empresas abertas (92%) esperam preços maiores ou mais estáveis em seu ramo de atividade no próximo ano, segundo pesquisa da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas) que será lançada na terça-feira.
A expectativa das companhias é resultado de uma combinação do movimento de depreciação das taxas de câmbio e da melhor expectativa quanto ao desempenho das exportações, de acordo com a entidade.
O levantamento será apresentado durante a reunião de final de ano do conselho diretor da Abrasca, que será apoiada pelo escritório de direito BM&A - Barbosa, Müssnich & Aragão.
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