FOLHA DE SP - 11/07
O pior (e improvável, espera-se) cenário é aquele no qual o ex-líder do DEM é perdoado e mantém seu mandato. A Câmara Alta do Congresso brasileiro estaria dando um sinal de "liberou geral".
A defesa do senador argumenta não haver provas materiais de ele ter estado a serviço de Carlinhos Cachoeira. As ligações telefônicas gravadas seriam ambíguas. Não houve dinheiro depositado em contas-correntes. São explicações controversas, mas vá lá. Só que há o telefone-rádio Nextel recebido por Demóstenes com outros integrantes do grupo de Cachoeira. Nesse caso houve quebra de decoro?
A resposta da defesa é que Demóstenes não teria como "adivinhar" que se tratava de instrumento para prática de crime e que o "custo de manutenção era irrisório". Se for esse o entendimento na sessão de hoje, qualquer senador da República poderá ganhar um celular de um contraventor, usar à vontade e mandar a conta para a quadrilha. O argumento do senador é tão disparatado e reducionista que não merece grandes reflexões.
Mas o Senado pode resgatar em parte sua imagem se cassar Demóstenes na sessão de hoje. Isto é, se o senador não entregar os pontos e mantiver sua palavra de não renunciar até o "último segundo", como afirmou em sua defesa ontem.
O problema é que a cassação é apenas o mínimo a ser entregue pelos senadores. Uma ação diminuta para reparar anos de reputação depauperada. No passado, era comum ouvir que a Câmara era o império do baixo clero. Agora, o Senado rivaliza em insignificância. Expulsar Demóstenes ajudará um pouco. Só que ainda demorará até o Poder Legislativo recuperar o seu prestígio.
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