O GLOBO - 21/05
A reaceleração econômica americana sofreu arrefecimento nos últimos meses. A crise europeia ameaça se aprofundar com a eleição dos socialistas na França, a crise bancária na Espanha e o colapso operacional da democracia grega. Até mesmo os emergentes enfrentam o fenômeno da desaceleração econômica, apesar do afrouxamento de suas políticas monetárias - o Brasil baixando os juros e a China reduzindo os recolhimentos compulsórios dos bancos ao Banco Central.
A opinião pública europeia, como ocorreu nos Brasil nos anos 1980, está sendo colocada diante de um falso dilema: "austeridade" versus "crescimento". É evidente que nunca foram essas as verdadeiras alternativas.
Os social-democratas tupiniquins, também hegemônicos, a exemplo do que ocorre na Europa, cometeram na época todas as tolices imagináveis, sempre "em defesa do crescimento" e "contra a austeridade". Em autêntica saga que se tornou o maior desastre da história econômica brasileira, colhemos, em exaustiva e malsucedida sequência, a moratória da dívida externa, o sequestro da poupança interna, a hiperinflação e o completo colapso do crescimento.
Aprendemos após muito sofrimento que responsabilidade fiscal e austeridade monetária são ingredientes indispensáveis ao crescimento econômico com estabilidade de preços. As possibilidades de crescimento haviam se exaurido exatamente pela absoluta falta de austeridade. Da mesma forma, foram justamente os excessos cometidos em nome do bem-estar social que inocularam a euroesclerose e implodiram a arquitetura econômica da Europa meridional.
A tragédia grega é o resultado de péssimas práticas políticas da social-democracia europeia. Abusos contra as finanças públicas. Demagogia no tratamento de assuntos previdenciários. Obscurantismo da legislação trabalhista. A adoção do euro, uma moeda forte por sua dimensão continental, apenas revelou o que já se sabia: o descolamento entre salários, aposentadorias e benefícios crescentes, de um lado, e o declínio da produtividade europeia, de outro.
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