FOLHA DE SP - 23/12
SÃO PAULO - Pode vir do presidente da Fiesp uma das surpresas da eleição de 2014. Paulo Skaf, mistura complicada de candidato a governador e liderança empresarial, ergueu quase só o troféu pela anulação do aumento do IPTU na cidade de São Paulo. Com o dinheiro do imposto sindical, que financia a federação das indústrias, fez campanha na TV contra o imposto predial.
A dor de cotovelo logo bateu no PSDB. Os tucanos chiaram, dizendo que foram eles que, antes mesmo da Fiesp, entraram na Justiça contra a elevação do tributo paulistano. Que liderança do PSDB reclamou? O governador Alckmin? O ex-governador Serra? O presidenciável Aécio? O ex-presidente Fernando Henrique?
Nenhum deles. Foi o líder estadual da sigla, Duarte Nogueira, bastante conhecido --em Ribeirão Preto.
Repetiu-se o roteiro da CPMF, derrubada no Congresso em 2007. Skaf faturou largamente com a façanha. Serra e Aécio, então governadores de São Paulo e de Minas Gerais, negociaram um acordo com o PT que prorrogaria o imposto do cheque.
Os dois episódios, o da CPMF e o do IPTU, delimitam muito bem a fronteira até a qual os caciques tucanos estão dispostos a chegar na política. Nunca parecem à vontade no lado liberal deste grande rio. Cultivam um progressismo moderado, sem bases sindicais nem populares, e emulam o "lado social" do petismo.
Skaf, que nada prometia ao surgir na política, supera os figurões do PSDB em esperteza e desapego. Farejou um veio mal explorado numa sociedade que se moderniza e se distancia da pobreza. Dos eleitores paulistas, 57% preferem pagar menos imposto e contratar saúde e educação privadas, segundo o Datafolha. À opção oposta --mais tributos e serviços gratuitos-- aderem 35%.
O chefe da Fiesp vai disputar o governo pelo PMDB, o que lhe garantirá boa exposição nos programas eleitorais do rádio e da TV. Tem combustível para surpreender os favoritos.
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