segunda-feira, dezembro 23, 2013

Dinastia do terror na Coreia - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 23/12
A execução sumária de Jang Song-thaek, tio do líder norte-coreano Kim Jong-un, apenas três dias depois de confirmado seu expurgo do poder, voltou a salientar o mando absoluto e o reinado de terror que a dinastia Kim exerce há três gerações. Jang, de 67 anos, foi muito próximo de Kim Jong-il - pai de Kim Jong-un - e era considerado até havia pouco tempo a segunda pessoa mais poderosa do país, além de mentor do jovem líder, desde que este subiu ao trono comunista de Pyongyang, após a morte do pai, em dezembro de 2011.
Segundo o governo norte-coreano, Jang, executado por traição 12 dias atrás, manobrava para tomar o controle do país. "Ele cometeu crimes horríveis, como tentar derrubar o Estado mediante todo tipo de intrigas e métodos desprezíveis, com a selvagem ambição de tomar o poder supremo de nosso partido e nosso Estado. Há muito tempo Jang tinha uma suja ambição política. Não se atreveu a levantar a cabeça quando Kim Il-sung (fundador da Coreia do Norte e avô de Kim Jong-un) e Kim Jong-il estavam vivos", informou a agência oficial de notícias do país, a KCNA, em comunicado.

Acerta, pois, quem afirma que a queda de Jang contribui para as evidências crescentes de que Kim Jong-un, cada vez mais maduro - fará 31 anos em 8 de janeiro -, continua o processo para livrar-se dos guardiões designados pelo pai e firmar-se como mandatário único e absoluto. Em 2012, ele já havia destituído Ri Yong-ho, chefe da Junta do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia e um de seus principais conselheiros. Desde que assumiu o país, cinco dos sete altos dirigentes que o acompanharam a pé ao lado do carro fúnebre de Kim Jong-il foram afastados.

Segundo a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, a vizinha do norte empreende um expurgo em grande escala para reforçar o poder de Kim Jong-un. "Nossas relações poderão se tornar mais instáveis", avaliou. Certo é que a impenetrável política norte-coreana facilita o afastamento de qualquer um que se atreva a desafiar a autoridade absoluta e a direção única de Jong-un. A eliminação de Jang, que teve até a imagem apagada de vídeos, será seguida de amplo expurgo de pessoas do círculo mais próximo dele.

Kim Il-sung, o Grande Líder, fundador da Coreia do Norte; o filho dele, Kim Jong-il, o Querido Líder; e agora o neto, Kim Jong-un, o Brilhante Camarada, não titubeiam em demonstrar poder espalhando o terror. Potências ocidentais assistem a tudo com expectativa singular, pois quem manda fuzilar o tio que lhe fazia sombra tem pretensões e ambições bem maiores, como determina a ditadura totalitarista stalinista que domina metade da Península Coreana.

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