CORREIO BRAZILIENSE - 24/11
Argentina e Venezuela, as maiores economias do Mercosul depois do Brasil, vivem processo semelhante que causa apreensão ao bloco. Ambos enfrentam problema cambial e desequilíbrio nas contas públicas em quadro de inflação em alta. A resposta aos desafios também se parecem. Com particularidades adjetivas, Caracas e Buenos Aires se inclinam por medidas heterodoxas que os afastam da economia de mercado.
Nicolás Maduro trilha o caminho do antecessor, Hugo Chávez. Conseguiu da Assembleia Nacional poderes para governar por decreto durante um ano. No bloco do eu-sozinho, busca bodes expiatórios para responder à inflação de 54%, ao desabastecimento generalizado e aos apagões que afastam capitais. Responsabiliza o comércio e o setor produtivo pelo descalabro econômico.
Não se restringe às palavras. Coroa o discurso demagógico e ultrapassado com atos de força do Estado - fecha lojas e supermercados que estariam cobrando preços abusivos e impõe limites ao lucro da iniciativa privada. Trata-se da reprise de filme sem possibilidade de final feliz. A intervenção sangra o setor produtivo, segmento ultrassensível de que o país mais precisa. É tiro no pé.
Cristina Kirchner, depois de seis semanas de licença médica, voltou à Casa Rosada com discurso desalentador. Alterou a equipe econômica, mas manteve a receita de intervenção na economia e no câmbio. A expectativa de que a derrota nas eleições legislativas de outubro seria razão para mudanças substantivas se frustrou. Cristina prometeu o "aprofundamento do modelo".
Falta explicação racional para a teimosia. Em outubro, a inflação oficial acumulada em 12 meses estaria em 10,5%. Consultorias privadas questionam o índice, que beiraria 27% - atrás apenas do venezuelano. As reservas do Banco Central estão em via de cair abaixo do piso de US$ 32 bilhões, consequência do esforço de sustentar artificialmente a taxa de câmbio - seis pesos por dólar, quando o mercado aponta para 10 pesos.
A vulnerabilidade dos vizinhos traz preocupação para o Mercosul. Há 10 anos, o bloco mantém entendimentos com a União Europeia (UE) para firmar acordo comercial. No vaivém, a UE abriu conversações com os Estados Unidos. A crise da espionagem azedou o clima e o acordo. Abre-se janela de oportunidade para o Mercosul voltar à mesa de negociações.
Não há tempo a perder. Em maio, renova-se o Parlamento Europeu e ocorrem mudanças na Comissão Europeia. Em outubro, há eleições no Brasil. Há que aproveitar o período que se estende até março para corrigir arestas e chegar a denominador comum. Sem isso, o processo fica para 2015. Talvez seja tarde.
Nicolás Maduro trilha o caminho do antecessor, Hugo Chávez. Conseguiu da Assembleia Nacional poderes para governar por decreto durante um ano. No bloco do eu-sozinho, busca bodes expiatórios para responder à inflação de 54%, ao desabastecimento generalizado e aos apagões que afastam capitais. Responsabiliza o comércio e o setor produtivo pelo descalabro econômico.
Não se restringe às palavras. Coroa o discurso demagógico e ultrapassado com atos de força do Estado - fecha lojas e supermercados que estariam cobrando preços abusivos e impõe limites ao lucro da iniciativa privada. Trata-se da reprise de filme sem possibilidade de final feliz. A intervenção sangra o setor produtivo, segmento ultrassensível de que o país mais precisa. É tiro no pé.
Cristina Kirchner, depois de seis semanas de licença médica, voltou à Casa Rosada com discurso desalentador. Alterou a equipe econômica, mas manteve a receita de intervenção na economia e no câmbio. A expectativa de que a derrota nas eleições legislativas de outubro seria razão para mudanças substantivas se frustrou. Cristina prometeu o "aprofundamento do modelo".
Falta explicação racional para a teimosia. Em outubro, a inflação oficial acumulada em 12 meses estaria em 10,5%. Consultorias privadas questionam o índice, que beiraria 27% - atrás apenas do venezuelano. As reservas do Banco Central estão em via de cair abaixo do piso de US$ 32 bilhões, consequência do esforço de sustentar artificialmente a taxa de câmbio - seis pesos por dólar, quando o mercado aponta para 10 pesos.
A vulnerabilidade dos vizinhos traz preocupação para o Mercosul. Há 10 anos, o bloco mantém entendimentos com a União Europeia (UE) para firmar acordo comercial. No vaivém, a UE abriu conversações com os Estados Unidos. A crise da espionagem azedou o clima e o acordo. Abre-se janela de oportunidade para o Mercosul voltar à mesa de negociações.
Não há tempo a perder. Em maio, renova-se o Parlamento Europeu e ocorrem mudanças na Comissão Europeia. Em outubro, há eleições no Brasil. Há que aproveitar o período que se estende até março para corrigir arestas e chegar a denominador comum. Sem isso, o processo fica para 2015. Talvez seja tarde.
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