FOLHA DE SP - 23/11
BRASÍLIA - José Genoino teve um problema cardíaco grave em julho. Sua aorta estava em mau estado. Recebeu uma prótese de 15 centímetros para substituir parte dessa artéria. A cirurgia durou oito horas. Fumante durante décadas, é hipertenso e sofreu uma isquemia cerebral.
Alguém nessas condições deve receber tratamento adequado quando é preso? A resposta sensata é sim. Mas, para o senso comum, ninguém, exceto algum privilegiado, é tratado com a humanidade devida no sistema prisional brasileiro.
Na frente da penitenciária da Papuda, em Brasília, dezenas de parentes de presos precisam dormir ao relento na véspera do dia da visita semanal. Recebem então uma senha às 6h da manhã. Depois, têm de caminhar até cerca de três quilômetros para encontrar o sentenciado.
Essas pessoas vivem um pesadelo semanal. Na quarta-feira, presenciaram uma visita inusitada à Papuda. Era o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, do PT. Ele queria vistoriar as condições locais depois que os mensaleiros chegaram.
Dezenas de deputados, amigos e parentes dos mensaleiros furaram a fila e entraram na prisão. Aliás, ninguém explicou até agora por que congressistas entram numa penitenciária quando bem entendem.
Genoino passou mal na quinta-feira devido à pressão alta. Foi para um hospital. Antes, teve tempo suficiente para dar uma entrevista e posar para uma fotografia --material publicado neste fim de semana pela revista "Isto É". O título da reportagem: "Jamais deixarei a luta política".
Ontem, telefonei para a assessoria do governo de Brasília. Queria conhecer dados sobre a administração da Papuda. Ou quantos presos por lá têm pressão alta. Não tive resposta.
Esses são os fatos. Fico aqui na torcida pelo pronto restabelecimento de José Genoino. E para que todos os presos da Papuda tenham o mesmo tratamento recebido até agora pelo deputado e ex-presidente do PT.
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