CORREIO BRAZILIENSE - 30/07
A estada do papa no Brasil ensinou muitas lições. Uma das mais importantes foi dirigida a bispos reunidos no Centro de Estudos de Sumaré depois da missa do envio. Na pregação por nova Igreja, Francisco alertou para o risco da psicologia de príncipes - a adoção do fausto e o consequente distanciamento do povo. A mensagem, dirigida a público interno, alcança em cheio dirigentes do país anfitrião.
Ao dizerem que não se sentem representados pelos políticos "que aí estão", os jovens que tomaram as ruas do Brasil não conseguiram verbalizar, de forma sintética, a causa da aversão. Fizeram-no esparsamente, em cartazes que repudiavam a corrupção, a impunidade, a insegurança, o descaso com a saúde, a má qualidade da educação. Talvez todas possam ser abrigadas sob o guarda-chuva da psicologia de príncipes.
Político no Brasil deixou de ser gente de carne e osso. Tornou-se peça de marketing. Plataformas de governo desapareceram. Viraram estratégia de marqueteiros. Os programas eleitorais, cujo objetivo é apresentar as propostas dos postulantes e respectivos partidos, mostram uma nação de faz de conta capaz de provocar a inveja de Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia.
Eleito, o candidato ganha carteira de autoridade. Ou, como diz o papa, ingressa no seleto clube da aristocracia. O príncipe mora em palácio com direito a empregados, comida e bebida. Voa em avião particular, roda em carro blindado, conta com dezenas de assessores. Tem cartão corporativo e equipes médicas que ficam à disposição 24 horas por dia. Barões, duques, viscondes não moram em palácio. Mas têm a residência, o transporte e gastos sustentados pelo erário.
Não só. A mordomia não se restringe aos eleitos. Abrange a corte. Ministros, secretários, chefes de gabinete usufruem das benesses. O resultado não surpreende - a perda do contato com a vida real. Não é outra a razão por que há projetos que obrigam os donos do poder a andar de transporte público, matricular os filhos em escolas do Estado, tratar da saúde em hospitais do SUS. Seria a forma de sair da bolha e descobrir que vive no país habitado por gente, não por personagens criados pelos estúdios Disney.
A moçada que protesta há dois meses trouxe o povo de verdade para as ruas. Assustou. As respostas vieram embaladas por marqueteiros. Não convenceram. Talvez uma olhada no noticiário da semana passada jogue luzes na escuridão do atraso. O papa precisou se locomover. Escolheu um carro popular e manteve o vidro aberto para ver quem precisa ser visto. A princesa Kate deixou a maternidade com o herdeiro no colo. O marido, 3º na linha sucessória do trono inglês, levou-a para casa - em carro dirigido por Sua Alteza.
Ao dizerem que não se sentem representados pelos políticos "que aí estão", os jovens que tomaram as ruas do Brasil não conseguiram verbalizar, de forma sintética, a causa da aversão. Fizeram-no esparsamente, em cartazes que repudiavam a corrupção, a impunidade, a insegurança, o descaso com a saúde, a má qualidade da educação. Talvez todas possam ser abrigadas sob o guarda-chuva da psicologia de príncipes.
Político no Brasil deixou de ser gente de carne e osso. Tornou-se peça de marketing. Plataformas de governo desapareceram. Viraram estratégia de marqueteiros. Os programas eleitorais, cujo objetivo é apresentar as propostas dos postulantes e respectivos partidos, mostram uma nação de faz de conta capaz de provocar a inveja de Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia.
Eleito, o candidato ganha carteira de autoridade. Ou, como diz o papa, ingressa no seleto clube da aristocracia. O príncipe mora em palácio com direito a empregados, comida e bebida. Voa em avião particular, roda em carro blindado, conta com dezenas de assessores. Tem cartão corporativo e equipes médicas que ficam à disposição 24 horas por dia. Barões, duques, viscondes não moram em palácio. Mas têm a residência, o transporte e gastos sustentados pelo erário.
Não só. A mordomia não se restringe aos eleitos. Abrange a corte. Ministros, secretários, chefes de gabinete usufruem das benesses. O resultado não surpreende - a perda do contato com a vida real. Não é outra a razão por que há projetos que obrigam os donos do poder a andar de transporte público, matricular os filhos em escolas do Estado, tratar da saúde em hospitais do SUS. Seria a forma de sair da bolha e descobrir que vive no país habitado por gente, não por personagens criados pelos estúdios Disney.
A moçada que protesta há dois meses trouxe o povo de verdade para as ruas. Assustou. As respostas vieram embaladas por marqueteiros. Não convenceram. Talvez uma olhada no noticiário da semana passada jogue luzes na escuridão do atraso. O papa precisou se locomover. Escolheu um carro popular e manteve o vidro aberto para ver quem precisa ser visto. A princesa Kate deixou a maternidade com o herdeiro no colo. O marido, 3º na linha sucessória do trono inglês, levou-a para casa - em carro dirigido por Sua Alteza.
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