O Estado de S.Paulo - 11/06
Nosso surpreendente viajante escreve-nos, agora, da Ilha de Upolo, em Samoa, nas águas mornas do Pacífico Sul. Ele e sua fidelíssima mascote Trashie, a raposa das estepes siberianas, resolveram fazer essa longa viagem por três motivos principais. O primeiro deles foi o interesse de nosso correspondente britânico em rever Telefoni Tulafanu, seu afilhado, nascido em 2008, filho de Faoa Tulafanu, seu antigo professor de samoano na Inglaterra.
Telefoni, agora com 5 anos, já tem 1,60 metro e pesa 90 quilos, estatura comum nesse povo que é "tão fisicamente grande quanto generoso". Mr. Miles queria, também, revisitar em Vailima a propriedade da família Stevenson, que guarda os restos mortais de um de seus ídolos de infância: o escritor Robert Louis Stevenson, autor, entre outros, dos livros A Ilha do Tesouro e O Médico e o Monstro. Stevenson, britânico nascido na Escócia, morreu precocemente, aos 44 anos, vítima de um enfarte no coração no paradisíaco arquipélago. "And last, but not least, viemos até aqui para aproveitar a beleza das ilhas, suas praias, cachoeiras e montanhas."
A seguir, a correspondência da semana:
Querido mr. Miles: viajo no meio do ano para apresentar meu filho de 6 meses de idade para seus avós italianos. O irmão dele, de 2 anos e meio, vai junto. O que devo fazer para incomodar menos os passageiros ao nosso redor?
Regina B. Tagliani, por e-mail
"Well, dear Regina: sua preocupação é louvável mas, I'm afraid, não há nada que você possa fazer, exceto rezar para que as horas passem velozes como minutos e os minutos sejam rápidos como segundos. Pequenas crianças a bordo de aviões de carreira costumam, of course, perturbar seus vizinhos. Por mais solerte que você seja no uso de mamadeiras e na troca de fraldas, sempre haverá aqueles instantes de descontrole infantil, que provocam berros agudos e acordam até os passageiros com os ouvidos protegidos por fones potentes ou o rosto afundado em três ou quatro travesseiros.
Unfortunately, não sei o que lhe dizer. Meu amigo Jaime Ibañez Acuña, uma espécie de Herodes chileno, não hesitaria em sugerir que você oferecesse um sedativo aos pimpolhos. Talvez seu pediatra até aprove a medida. However, se fosse por decisão de Jaime, as doses seriam cavalares… Oh, my God!
Tenho uma amiga que, quando voa com seus infantes, ajuda-os a dormir com gotas de medicação antienjoo. Mas eu sinceramente espero que você não siga qualquer uma dessas indicações sem conversar com um profissional gabaritado. De minha parte, raramente sofro com o problema. Como sei que crianças pequenas e seus pais são, quase sempre, instalados na primeira fileira de cada cabine, busco refúgio dez ou doze assentos para trás.
Fico imaginando, também, que as sempre pouco criativas companhias aéreas poderiam criar pequenas cabines exclusivas para passageiros como você e seus filhos, com divisões acústicas. Essa providência evitaria constrangimentos como o seu e preservaria a paz a bordo as well.
O ideal, dear Regina, é evitar submeter crianças pequenas e passageiros cansados a esse tipo de dissabor. No seu caso, as I see, parece-me inevitável. A não ser, claro, que você pague as passagens para seus sogros voarem até aqui. Isn't this a good idea?"
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