ZERO HORA - 05/04
Uma herança controversa aguardava o novo ministro dos Transportes, na quarta-feira, em seu primeiro dia como titular da pasta. O projeto de criação de uma estatal para administrar portos fluviais, eclusas e hidrovias foi deixado na gaveta por seu antecessor, Paulo Sérgio Passos, e depende agora de uma manifestação do senhor César Borges. A boa intenção de fortalecer o transporte fluvial não pode ficar na dependência de mais uma estrutura que vai se somar a outras tantas estatais, autarquias e departamentos cujas missões são imperceptíveis, e por isso injustificáveis, para a maioria dos brasileiros. Seria a quinta estatal criada no governo Dilma Rousseff, que pôs a funcionar organismos que, em muitos casos, somente seus ocupantes e interessados diretos sabem que existem. Ou quem sabe que Brasília abriga, por exemplo, a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias, a Infraero Serviços, a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa e a Empresa Brasileira de Planejamento e Logística?
O modal fluvial tem, no confronto com todos as outras formas de movimentação de cargas, os mais baixos custos, além de ser o de menor impacto ambiental. Mesmo assim, representa apenas 13% da matriz dos transportes no país, onde a preferência, pela combinação dos mais variados interesses, tem sido, há décadas, pelo sistema rodoviário. O desprezo pelo sistema hidroviário é tanto, que no ano passado o Ministério dos Transportes executou apenas 32% do que estava orçado para investimentos em estruturas fluviais, aplicando minguados R$ 450 milhões. Configura-se a manutenção de uma política consolidada por antecessores e que o atual governo apenas referenda.
Não será com uma estatal, com altos custos, vagas para protegidos pela base de sustentação partidária e mais burocracia, que o Brasil irá aumentar a circulação de cargas por rios e canais. Observe-se que o Ministério dos Transportes foi exposto negativamente, há dois anos, por conta de denúncias de corrupção que provocaram a queda do ministro. A pasta deveria aprimorar os controles para o uso ético e racional de seus recursos, sem a criação de mais biombos políticos.
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