Desde 1º de março, a Receita Federal recebe as declarações de ajuste anual do Imposto de Renda das pessoas físicas. É um momento de dolorosa reflexão para quem é obrigado a declarar. Pois é quando apuramos a gorda parcela de nossa renda confiada ao governo, que há séculos mantém a tradição de administrá-la de maneira, digamos, pouco eficiente.
Se gerir recursos de maneira produtiva e benéfica não é o forte do Estado brasileiro, a declaração de renda traz uma verdadeira oportunidade de reaver parte disso. Com rendimentos e bens, podemos declarar despesas dedutíveis, condições de isenção, investimentos em previdência e doações, que podem diminuir o imposto devido. Quando tratada com a devida seriedade, a declaração de renda permite que parte dos recursos permaneça ou volte para nossos bolsos. No mínimo, isso melhora nossa condição de prover nossa família com o que é oferecido precariamente pelo Estado.
É um erro negligenciar essa oportunidade. Muitos contribuintes assumem esse erro, confiando o preenchimento de sua declaração a terceiros, sem tomar conhecimento do assunto, ou limitando o controle de suas finanças ao mínimo necessário.
Assuma essa responsabilidade para você, mesmo que tenha algum trabalho. Não é errado pleitear elevados valores de restituição, desde que sua renda esteja declarada e que você tenha gastos dedutíveis para abater. Também não é errado declarar bens, doações e investimentos informais (como arte e jóias), desde que você comprove a origem do dinheiro.
Muitos contribuintes tentam omitir da Receita Federal informações que são facilmente rastreadas em contracheques, extratos bancários e faturas de cartão de crédito. A Receita sabe quando você omite. O preenchimento preciso da declaração, com o intuito de identificar as vantagens que a lei lhe permite, é um direito seu e deve ser exercido com responsabilidade e cuidado.
Seu dinheiro vale mais em sua mão do que confiado ao Estado. Um plano de previdência privada lhe será mais vantajoso que contribuir ao INSS. Um plano de saúde oferecerá proteção para sua família superior à do SUS. Doar a instituições que permitam abater impostos fará com que sua ação social chegue integralmente a quem precisa.
Restituição do Imposto de Renda também é uma boa oportunidade de ganhos. Não lamente se, ao deixar para declarar mais para o fim de abril, sua restituição demorar a cair na conta. Enquanto a Receita Federal não lhe paga, o saldo a restituir é corrigido pela taxa Selic, sem tributação sobre a correção. Eis uma rara situação em que o governo é eficiente com nosso dinheiro, já que não existe aplicação de renda fixa tão rentável quanto essa.
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