Um dos capítulos que vem por aí envolverá o PMDB do Senado. A avaliação geral feita entre quatro paredes dentro do partido é a de que mudou a correlação de forças entre os senadores do PMDB. Não há mais aquela história de o ex-presidente do Senado José Sarney, o atual, Renan Calheiros e o ex-líder do governo Romero Jucá no papel de principais protagonistas do partido na Casa.
Hoje, embora Renan esteja fortalecido por seus próprios colegas e com todo o respaldo não só do partido como fora dele, houve uma ascensão política de senadores como o novo líder da bancada, Eunício Oliveira (CE); o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Vital do Rego (PB); o comandante da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) Valdemir Moka (MS) e Ricardo Ferraço (ES), das Relações Exteriores. Para completar, Eduardo Braga (AM) é líder do governo.
E esses senadores, embora estejam em alta na Casa, consideram que não têm hoje um ministro para chamar de seu. O de Minas e Energia, Edison Lobão, reza pela cartilha de Sarney. O da Previdência, Garibaldi Alves Filho, é considerado uma “jointventure” entre o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), Sarney, Renan e Jucá. Os cargos de segundo escalão nas empresas públicas, os poucos que o PMDB conseguiu segurar, também estão ligados aos três.
O exemplo mais emblemático da força desse trio é a permanência do presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Volta e meia alguém do PT e/ou da ala mais técnica da Petrobras chefiada por Graça Forster tenta tirar o ex-senador dali. Mas, graças ao poder de Sarney e Renan, todas as ofensivas fracassaram. Agora, diante da nova correlação de forças no Senado, não será surpresa se houver uma nova investida, só que, desta vez, quem vai acionar esse botão é a parte do PMDB que não se sente representada no governo.
No caso dos peemedebistas, nem mesmo a bancada mineira contemplada ontem com o Ministério da Agricultura está contente, porque considera que falta a presidente lhes devolver a diretoria da Petrobras tirada nesse governo. Ou seja, a luta continuará a pleno vapor.
Há hoje nos partidos a certeza de que, se Dilma aceitou recolocar o grupo de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho depois de ter “faxinado” o próprio Lupi, o mesmo poderá ser feito com outros cargos, como, por exemplo, o Ministério dos Transportes, em vias de ser devolvido ao PR. Sem dúvida, a vida dela não será fácil daqui para frente. E, se Dilma não atender os partidos, eles vão atuar no ritmo daquela música, “porque senão, ela chora e diz que vai embora”, no caso, quem vai embora são eles.
Enquanto isso, na classe média…
Essa volta do grupo de Lupi ao Ministério do Trabalho e a iminente entrega dos cargos aos partidos trazem um grande risco para a imagem da presidente: a de que aquela Dilma, que não tolera malfeitos e é intransigente com a má gestão e o toma lá dá cá da política comece a perder força. A classe média já está meio insatisfeita com a quantidade de impostos que paga e a subida dos preços nos supermercados. Se, para completar o quadro, vier aquela sensação de que Dilma cedeu aos “jeitinhos” da política, isso pode terminar comprometendo aquele plus que ela obteve como comandante do país, ao ponto de ficar com uma aprovação maior do que a do próprio Lula.
Talvez por isso a presidente esteja hesitante em aceitar alguns nomes para compor o Ministério. Ou tenha dificuldades em abrir, por exemplo, as agências reguladoras aos partidos. Mas, entre os deputados e senadores, há a certeza de que mais cedo ou mais tarde é bem capaz que ela abra a guarda. Afinal, se a economia não der todos os resultados que ela e o PT esperam, será na política que Dilma terá que se firmar. Vejamos os próximos capítulos dessa série, que promete ser longa e cheia de altos e baixos.
Essa volta do grupo de Lupi ao Ministério do Trabalho e a iminente entrega dos cargos aos partidos podem passar a ideia de que começa a perder força a imagem daquela Dilma que não tolera malfeitos e é intransigente com a má gestão e o toma lá dá cá da política
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