FOLHA DE SP - 06/03
Finalmente, baixou o pano da tragédia penosamente esperada. A taxa de crescimento do PIB em 2012 foi de apenas 0,9%. Todos erramos feio.
A única honrosa exceção foi a competente e corajosa convicção da equipe de análise econômica do Credit Suisse Brasil, que foi duramente criticada na ocasião. Para provar isso, basta lembrar as previsões do setor financeiro expressas no boletim "Focus" da primeira semana de 2012: previsão do PIB: 3,3%; previsão da inflação: 5,31%.
Mesmo depois do desastre anunciado pelo crescimento com ajuste sazonal do PIB de 0,1% entre o primeiro trimestre de 2012 e o último de 2011 e de 0,3% entre o segundo e o primeiro trimestres de 2012, o mercado ainda projetava o seguinte (na primeira semana de julho, segundo o boletim "Focus"): previsão do PIB: 2,01%; previsão da inflação: 4,85%.
É hora de virar a página e aceitar que o acréscimo de 0,9% (estagnação do PIB per capita), com uma taxa de inflação de 5,8%, revelou velhos problemas estruturais e institucionais -alguns dos quais começam a ser atacados pelo governo.
Há, entretanto, um excesso de pessimismo no ar, agora mais estimulado pela lamentável antecipação da campanha eleitoral. Ela introduz um viés político na análise que dificulta o acordo sobre o que se deve fazer para recuperar um crescimento mais robusto sem pressionar a taxa de inflação.
Mas há esperança. Os números sugerem, pela primeira vez nos últimos trimestres, o início de uma recuperação na formação bruta de capital fixo e o fim do ciclo dos estoques acumulados em 2010, o que pode ser uma mudança significativa. Eles também revelam um crescimento lento, firme e consistente do PIB de cada trimestre sobre o anterior (com ajuste sazonal): 4º trimestre 2011: 0,1%; 1º trimestre 2012: 0,1%; 2º trimestre 2012: 0,3%; 3º trimestre 2012: 0,4%; 4º trimestre 2012: 0,6%.
O PIB já está rodando em torno de 2,4% ao ano. Pois bem, se, nos quatro trimestres de 2013, a taxa do trimestre contra o anterior permanecer no intervalo de 0,65% a 1%, o que parece factível diante da orientação mais amigável do governo em relação ao setor privado e recentes medidas facilitadoras do crédito, o crescimento do PIB poderá ficar entre 3% e 4%. A nossa saída da crise de 2008, que parecia um V, está mais para um W.
O que surpreende não é essa possibilidade. É o aparente conformismo da sociedade brasileira com o baixo crescimento que vimos registrando desde o Plano Real (1996-2012) o que se vê: crescimento do PIB: 2,95%; taxa de inflação: 6,48%.
Já consumimos quase 1/4 do ano de 2013, mas ele ainda não está escrito nas estrelas: será o que, em cooperação, governo e setor privado souberem e fizerem dele!
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