FOLHA DE SP - 06/03
Após um longo período de vitórias, grandes times e craques tendem à inércia, ao fastio
Há mais de um ano, em todas as partidas que Kaká jogou pelo Real Madrid, ele não brilhou como em seus melhores momentos, mas se movimentou como no Milan. Ele é reserva no Real porque Özil é um dos melhores meias do futebol mundial. Por isso, e pelo que jogou nas partidas com Mano Menezes, Kaká merece estar na seleção. Fora isso, nada tão relevante na convocação.
O Palmeiras é o pior dos brasileiros na Libertadores, mas está no mesmo nível ou é superior à maioria das outras equipes. O Libertad, que ganhou do Palmeiras, no Paraguai, está entre os melhores times, fora os brasileiros. O Palmeiras tem boas chances de se classificar e, dependendo de quem enfrentar, pode ir mais longe.
O Atlético-MG, com Tardelli, melhorou na qualidade e no repertório de jogadas, com mais troca de passes e menos jogadas aéreas. Bernard, com a ajuda de Cuca, finaliza hoje muito melhor e aprendeu o momento certo de partir em velocidade para receber a bola, sem entrar em impedimento.
Contra o Strongest, Ganso entrou no segundo tempo, muito mais ativo, desarmando e aparecendo mais para receber a bola. Como disse Alberto Helena Jr., Ganso é um típico armador, organizador, e não um meia ofensivo, para entrar, com frequência, na área, para fazer gols, como tantos pedem.
O Corinthians, com Pato e Renato Augusto, poderá ficar melhor que no ano passado. Está longe de ser. Pato, como ocorreu em toda a carreira, alterna lances brilhantes e outros muito confusos. Parece um craque, mas não é. É um bom, ou excelente, atacante.
O Fluminense, com os mesmos jogadores, técnico e sistema tático, está, como o Corinthians, pior que em 2012. Já surgiram dezenas de teorias e razões para a queda da equipe. Comentarista adora antecipar e explicar os fatos, geralmente com uma única causa. Vitórias e derrotas ocorrem, muitas vezes, sem avisar, em uma fração de segundos, entre uma batida e outra do coração.
As grandes equipes, como o Santos, de Pelé, e o Barcelona, perdem, até várias vezes seguidas, por muitos fatores. Todas têm deficiências técnicas. O treinador do Barcelona é o auxiliar do auxiliar, outro problema. Treinadores são supervalorizados, mas são essenciais. Além de tudo isso, esses times, após uma longa sequência de vitórias, acostumam-se com a rotina, como se fosse desnecessário, para continuar vencendo, fazer um esforço especial, algo mais. Essa inércia, fastio, dura um tempo variável. O mesmo acontece com os craques, como Neymar e Messi.
"Depois da hora radiosa, a hora dura do esporte, sem a qual não há prêmio que conforte, pois perder é tocar alguma coisa mais além da vitória, é encontrar-se naquele ponto onde começa tudo a nascer do perdido, lentamente" (Carlos Drummond de Andrade).
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