quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Estagnação econômica e inflação em alta - ROGÉRIO MORI

BRASIL ECONÔMICO - 13/02

Sem sucesso, o governo tem feito de tudo para tentar reativar a economia brasileira. Os estímulos monetários proporcionados a partir dos cortes de juros promovidos pelo Banco Central e os incentivos fiscais se mostraram insuficientes para que a atividade econômica registrasse uma recuperação mais vigorosa.

Como é amplamente reconhecido, o PIB brasileiro deve ter crescido cerca de 1,5% em 2012 relativamente ao ano anterior. As perspectivas para o começo de 2013 também não são das melhores.

Para piorar a situação, a inflação não dá trégua ao governo. O resultado do IPCA de janeiro mostrou uma nova aceleração da inflação, com a maior parte dos itens que compõem o índice mostrando alta de preços. Não chega a ser uma alta generalizada de preços, mas a situação é preocupante.

Se o quadro do comportamento dos preços verificado em janeiro persistir por mais dois ou três meses, o cenário ficará muito mais complexo e o Banco Central terá de jogar a toalha.

Até o momento, o governo resiste a uma reversão no sentido da política monetária, apostando que as altas verificadas ao longo dos últimos meses representam choques transitórios adversos de preços e que se dissiparão em breve. Até o momento, boa parte dos economistas ainda aposta em uma inflação medida pelo IPCA na casa dos 6% neste ano. Resultados adversos no campo da inflação nos próximos meses claramente detonarão um processo de revisão das expectativas para cima.

O quadro de estagnação econômica com inflação em alta, como o que o Brasil vivencia neste momento, não é comum para nossa economia. Desde a implementação do real, em meados de 1994, as inversões de ciclos foram pontuadas pelas diversas crises verificadas ao longo do tempo, mas em momento algum a economia brasileira deixou de reagir a estímulos monetários e fiscais. Nesse sentido, analistas e técnicos deveriam se debruçar com maior afinco para tentar caracterizar o que de fato está acontecendo.

Aparentemente, o cenário atual é resultante de dois fatores que atuam conjuntamente: moeda forte e perda de dinamismo do lado do crédito. No que se refere à nossa moeda, apesar da depreciação observada ao longo do ano passado, o real ainda se encontra extremamente apreciado e o Brasil é uma das economias mais caras do mundo. Isso afeta a competitividade da economia brasileira, particularmente da indústria.

A perda de dinamismo industrial pode ser observada em diversos indicadores, ao mesmo tempo que as importações seguem em alta. Do lado do crédito, aparentemente o processo de endividamento das famílias brasileiras começa a demonstrar seus limites.

Como boa parte desse endividamento é constituído por dívidas de perfil longo, a resposta a novas tomadas de crédito por conta da queda dos juros tende a ser mais moderada.

Em face do quadro pouco positivo que se tem observado no caso brasileiro nos últimos trimestres os humores de empresários e investidores começa a mudar gradativamente.

O reflexo claro disso é a contínua retração nos investimentos produtivos que se tem observado no Brasil ao longo dos últimos trimestres. Esse fenômeno vem a agravar as possibilidades de crescimento futuro do país.

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