CORREIO BRAZILIENSE - 19/10
Assim como na tevê, a política tem lá seus personagens e seus enredos em que, a cada momento, uns atores caem outros ascendem. Nesses últimos capítulos da eleição municipal e do julgamento do mensalão, todos usam as pesquisas para fazer as suas apostas de quem sobe e quem desce da mesma forma que os noveleiros palpitarão hoje durante todo o dia sobre quem matou Max, na trama de Avenida Brasil.
E, nesse sobe e desce eleitoral, vários atores ganham ares de novidade para o futuro, para fazer parceria ou ser adversário daqueles que já estão por aí. No Paraná, surge Gustavo Fruet (PDT), que ontem apareceu à frente de Ratinho Júnior (PSC) nas pesquisas. E, por incrível que pareça, daqui a dois anos, tudo indica que ele apoiará um nome do PT ao governo do estado, seja a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ou o marido dela, o titular das Comunicações, Paulo Bernardo. Em Campinas, Márcio Pochmann, do PT, e Jonas Donizete, do PSB, surgem como apostas para reforçar a oposição a Geraldo Alckmin, do PSDB. Em Fortaleza, PT e PSB também têm um embate que indica uma briga futura entre os dois partidos no estado.
Quanto aos antigos, se as pesquisas estiverem corretas, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB) voltará com ares de quem derrotou não apenas a adversária, Vanessa Grazziotin (PCdoB), como a presidente Dilma Rousseff, que pisará na cidade para apoiar a aliada. Ou seja, os tucanos, depois de perderem feio por lá na última eleição, ganham um ponto de apoio.
Mas, se Arthur Virgílio é considerado quem se sai melhor em Manaus, não dá para deixar de lembrar que um ator renovado nesse enredo eleitoral — a se confirmarem os resultados das pesquisas de São Paulo — será o ex-presidente Lula. Nos bastidores, até mesmo aliados de José Serra citam que os debates serão cruciais para Serra tentar evitar que Lula leve o troféu de vencedor, exatamente por abrir espaço ao novo, como Fernando Haddad. Esses mesmos aliados de Serra consideram muito difícil que o tucano consiga, porque acreditam que, em solo paulistano, o desgaste de material hoje é mais do PSDB, que comanda o terreno há tempos, do que do PT.
Por falar em PT…
A ascensão de Haddad nas pesquisas paulistanas tem servido ainda para fazer com que vários atores mantenham a cautela em relação a movimentos mais ousados neste momento. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, embora hoje mais afastado do PT do que nunca, faz questão de se referir a esse distanciamento como uma temporada passageira, mantendo as disputas de 2012 restritas ao campo municipal. Faz isso porque sabe que, se houver uma vitória de Haddad em São Paulo, os petistas terão aí uma espécie de seguro eleitoral rumo a 2014.
Se o afastamento definitivo vier, dependerá mais dos próximos capítulos. Não é possível, do ponto de vista dos aliados, que o PT não saiba ser “grande na vitória”, em vez de se organizar para administrar as cidades que vencer — e também o país que já governa — perder tempo com vendetas por conta do processo eleitoral ou mesmo do julgamento do mensalão.
Aliás, do ponto de vista dos aliados — inclui-se aí o PMDB —, é hora de o PT saber reaproximar e reaglutinar forças. E, em busca dessa base sólida para 2014, dia 29 deste mês caberá aos petistas começar a buscar essa recomposição. Afinal, vinganças e jogos rasteiros pegam bem em novelas. Na vida real, a batida é outra.
Por falar em base…
O PP tem razão em ficar preocupado com o Ministério das Cidades. O PMDB, que sempre quis um espaço maior no governo, olha com ares de desejo para a pasta, embora a presidente Dilma Rousseff continue fechada em copas sobre as mudanças que pretende fazer no governo. Os peemedebistas, por sinal, têm eleições internas a partir de novembro e, em março, cuidarão da nova comissão Executiva Nacional. Bem… Nem tão nova assim. A tendência é reeleger Michel Temer presidente, mantendo o senador Valdir Raupp no posto de primeiro vice. Assim, Temer se licencia e Raupp segue no comando. No PMDB, os atores continuam os mesmos.
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