Embalagens premiadas
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/04/11
RIO DE JANEIRO - Outro dia, em Ribeirão Preto (SP), a polícia prendeu um traficante com 16 pedras de crack escondidas dentro de um boneco Teletubbie. Não chega a ser inédito. De um ano para cá, os bandidos estão trocando os esconderijos habituais -malas, tanques de automóvel, caixas com fundo falso, latas de biscoito e a clássica cueca- por recipientes mais criativos e originais para transportar a droga.
Apenas nos últimos tempos, a polícia encontrou crack em sacos de pipocas em Porto Alegre (RS); num filtro de ar de motocicleta em Laranjeiras do Sul (PR); num estoque de quentinhas em Olinda (PE); numa porção de bolo de rolo em Recife (PE); na cabeça de bonecos de Carnaval, também em Recife; numa série de videogames em Pato Branco (PR); numa caixa de velas religiosas em Campo Grande (MS).
Mais crack foi encontrado numa embalagem com balões de gás, para aniversário, em Itapema (SC); nas roupas íntimas de uma senhora grávida em Canoas (RS); num carrinho de bebê (com o bebê a bordo) em Bebedouro (SP); em bolas de tênis em Novo Hamburgo (RS); numa carga de sandálias em Foz do Iguaçu (PR); entre cachos de bananas em Cachoeiras de Macacu (RJ).
O transporte de cocaína também está se beneficiando desse know-how. Desde então, encontrou-se cocaína na barriga falsa de uma mulher em Maceió (AL); em latas de sardinha em Manaus (AM); em bolas de futebol na Cidade de Deus, no Rio; em ursinhos de pelúcia em Ji-Paraná (RO); em embalagens de talco em Campo Grande (MS); em santos de igreja, idem, na recordista Campo Grande; em ovos de Páscoa em São Paulo; numa partilha de O.B. em Ponta Porã (MS); etc.
O importante, no entanto, não é a criatividade, mas o domínio do território pelos traficantes. Não admira. Eles tiveram 16 grandes anos para se espalhar, enquanto FHC e Lula estavam muito ocupados salvando o país.
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