FOLHA DE SÃO PAULO - 13/05/09
Comércio global leva tombos, vendas da China caem, mas mercados se embebedam com os barris de dólares do Fed |
O PETRÓLEO passou dos US$ 60 pela primeira vez em seis meses, alta de 87% desde o fundo do poço. Cobre, zinco, açúcar e gasolina sobem. A China compra mais alumínio, minério de ferro, carvão e chumbo. A "recuperação econômica" à vista ou o zunzum a respeito levantam os preços de commodities, que também recebem impulso extra devido à queda do dólar.
Mas as exportações da China caíram 22,6% em abril (em relação a 2008), sexta queda seguida (a China exporta num mês mais do que exportamos em um semestre). Haviam caído 17,5% em março e 25,7% em fevereiro. Diz-se que a economia chinesa pode crescer 7,5%, e não os anteriormente previstos 6%. Há um jorro de crédito e os investimentos crescem (30%, de janeiro a abril, na comparação anual, e crescendo). Mas eles vão vender para quem? A China está em deflação faz um trimestre (preços ao consumidor).
As exportações japonesas caíram 40% no primeiro trimestre (comparação anual). A economia da Alemanha, que compõe o trio exportador mundial com China e Japão, vai encolher entre 5% e 6% neste ano e apenas começaria a beliscar o azul na segunda metade de 2010, segundo as previsões oficiais. O que então está crescendo no mundo?
O sorriso dos banqueiros americanos. Excluídos os desastres passados (ativos tóxicos, ainda sem solução) e as perdas futuras (com desemprego indo a 10%, mais calotes em cartão de crédito e imóveis comerciais), os bancos americanos estão fazendo algum dinheiro. O mundo parece rir por reflexo, como bocejamos diante de gente que boceja.
O plano Geithner-Obama de salvação dos bancos foi recebido com muxoxos gerais e com tombos no mercado. Não foi revisto nem começou a funcionar. Mas está todo mundo contente. Caem os "spreads" na praça financeira. Cai o custo de fazer seguro contra calote de empresas.
Ações de certos bancos, como a do Citi, chegaram a valer menos do que um hambúrguer no início de março. Mas então começou a operação de marketing do governo americano. Primeiro, disse que não haveria mais catástrofes tipo Lehman Brothers nem estatizações. Depois, vazou que os bancos passariam nos "testes de estresse" e ajeitou a divulgação dessas auditorias meio fajutas com os próprios bancos (fajutas ou alguém está muito errado. O FMI afirma que os bancos estão muito mais podres do que alardeia o governo dos EUA da boca para fora).
Por fim, o governo Obama anunciou que a banca precisava de pouco capital novo. As ações subiram. Os bancões mais podres dos EUA agora conseguem levantar dinheiro (emitindo novas ações), a bom preço.
De resto, os juros de curto prazo continuam no zero, os de longo prazo sobem e algumas taxas de mercado não caíram -os bancos fazem dinheiro. Para completar, captam dinheiro barato, pois têm uma espécie de seguro oficial, a custo zero. Porém, o rendimento de títulos seguros (Tesouro) é quase nada.
Onde colocar o dinheiro que o Fed "imprime"? Nas Bolsas, enquanto não aparecer uma notícia ruim. Ou nem isso. Os mercados de ações não se espatifaram em março porque previam resultados de empresas ainda piores do que os divulgados. E então acharam que isso era bom.
Mas as exportações da China caíram 22,6% em abril (em relação a 2008), sexta queda seguida (a China exporta num mês mais do que exportamos em um semestre). Haviam caído 17,5% em março e 25,7% em fevereiro. Diz-se que a economia chinesa pode crescer 7,5%, e não os anteriormente previstos 6%. Há um jorro de crédito e os investimentos crescem (30%, de janeiro a abril, na comparação anual, e crescendo). Mas eles vão vender para quem? A China está em deflação faz um trimestre (preços ao consumidor).
As exportações japonesas caíram 40% no primeiro trimestre (comparação anual). A economia da Alemanha, que compõe o trio exportador mundial com China e Japão, vai encolher entre 5% e 6% neste ano e apenas começaria a beliscar o azul na segunda metade de 2010, segundo as previsões oficiais. O que então está crescendo no mundo?
O sorriso dos banqueiros americanos. Excluídos os desastres passados (ativos tóxicos, ainda sem solução) e as perdas futuras (com desemprego indo a 10%, mais calotes em cartão de crédito e imóveis comerciais), os bancos americanos estão fazendo algum dinheiro. O mundo parece rir por reflexo, como bocejamos diante de gente que boceja.
O plano Geithner-Obama de salvação dos bancos foi recebido com muxoxos gerais e com tombos no mercado. Não foi revisto nem começou a funcionar. Mas está todo mundo contente. Caem os "spreads" na praça financeira. Cai o custo de fazer seguro contra calote de empresas.
Ações de certos bancos, como a do Citi, chegaram a valer menos do que um hambúrguer no início de março. Mas então começou a operação de marketing do governo americano. Primeiro, disse que não haveria mais catástrofes tipo Lehman Brothers nem estatizações. Depois, vazou que os bancos passariam nos "testes de estresse" e ajeitou a divulgação dessas auditorias meio fajutas com os próprios bancos (fajutas ou alguém está muito errado. O FMI afirma que os bancos estão muito mais podres do que alardeia o governo dos EUA da boca para fora).
Por fim, o governo Obama anunciou que a banca precisava de pouco capital novo. As ações subiram. Os bancões mais podres dos EUA agora conseguem levantar dinheiro (emitindo novas ações), a bom preço.
De resto, os juros de curto prazo continuam no zero, os de longo prazo sobem e algumas taxas de mercado não caíram -os bancos fazem dinheiro. Para completar, captam dinheiro barato, pois têm uma espécie de seguro oficial, a custo zero. Porém, o rendimento de títulos seguros (Tesouro) é quase nada.
Onde colocar o dinheiro que o Fed "imprime"? Nas Bolsas, enquanto não aparecer uma notícia ruim. Ou nem isso. Os mercados de ações não se espatifaram em março porque previam resultados de empresas ainda piores do que os divulgados. E então acharam que isso era bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário