Fim da dupla de atacantes
JORNAL DO BRASIL - 13/05/09
Flamengo e Cruzeiro, que fizeram ótimo jogo no domingo, querem trocar Zé Roberto e Wellington Paulista. O Flamengo teria mais um mediano atacante, e o Cruzeiro não precisa de Zé Roberto. Os dois times perderiam.
Bastou a primeira rodada para os apressados dizerem que Inter e Cruzeiro são os melhores. Os dois estão entre os favoritos. É muito cedo para apontar os melhores entre os melhores e os piores entre os piores.
Nilmar e Fábio foram os principais destaques na primeira rodada. Nenhuma surpresa. Fora Ronaldo, que é um jogador à parte, Nilmar é, quando não está machucado, o melhor atacante que atua no Brasil. Fora Rogério Ceni, pela experiência e por jogar muito bem com os pés, Fábio é, desde o ano passado, só inferior a Júlio César.
No maravilhoso gol contra o Corinthians, Nilmar mostrou todas as virtudes de um grande atacante: ousadia, habilidade, velocidade e precisão na finalização.
Nilmar é um centroavante diferente. Em vez de atuar fixo, pelo meio e de costas para o gol, ele se movimenta bastante e, com frequência, entra em diagonal para o centro, driblando, tabelando e/ou em velocidade para receber a bola nas costas dos zagueiros.
As graves contusões de Nilmar não foram por azar. Por ser extremamente ágil, leve, ter pouca força muscular nas pernas e não se prevenir contra o perigo, ele, após uma disputa com o zagueiro, costuma ficar desequilibrado e com os dois pés fora do chão, sem nenhuma proteção.
Se não fossem as contusões e o mau desempenho que teve no Lyon, Nilmar teria hoje mais prestígio. Coincidentemente, Fred também foi mal no time francês. Os dois não aproveitaram as chances.
O Lyon, antes da contratação de Nilmar e Fred, já jogava no esquema hoje da moda na Europa, com um centroavante e um atacante de cada lado, que voltava para marcar. Nilmar teve dificuldade de atuar mais pelo meio e de costas para o gol. Essa justificativa não serve para Fred.
Nesse esquema, a equipe, quando perde a bola, possui um jogador a mais na marcação. Os técnicos adoram isso. Além disso, as grandes equipes, de todo o mundo, cada vez mais, quando enfrentam equipes do mesmo nível, iniciam a marcação mais atrás para atrair o adversário e contra-atacar.
Em compensação, como essas equipes recuperam a bola longe do outro gol, o esquema só funciona bem quando há armadores e atacantes pelos lados capazes de marcar e rapidamente chegar ao ataque. Se isso não acontece, o centroavante fica isolado, como ficou Drogba, do Chelsea, contra o Barcelona.
Nessa nova maneira de jogar, que é parecida com o antigo esquema de atuar com dois pontas e um centroavante, desaparece a dupla de atacantes pelo meio. Muitas dessas duplas ficaram famosas e continuam presentes em nosso imaginário.
Assim como já existiram pontas que retornaram disfarçados de atacantes pelos lados, a dupla de atacantes pode desaparecer e voltar com outro nome. As coisas vão e voltam, com algumas variações. Só os grandes talentos são originais. Repetir é muito mais fácil que inovar.
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