Por toda a parte pipocam críticas sobre a qualidade dos testes de estresse a que foram submetidos 19 dos maiores bancos americanos.
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, vem sendo duramente questionado sobre a validade dos testes e se vê obrigado a defender os resultados.
Para quem está chegando agora, teste de estresse é uma avaliação sobre o tamanho de calote que uma instituição é capaz de suportar. Baseia-se em projeções de desempenho da economia. Assim, o aumento do desemprego ou a queda da atividade econômica deixam mais clientes de um banco incapacitados de honrar seus compromissos.
Os testes de estresse conduzidos pelo Fed concluíram na semana passada que apenas 10 entre esses 19 bancos precisam de reforço de capital. Eles estão saindo agora atrás de mais recursos próprios e, caso não sejam capazes de abastecerem a si mesmos, terão de se pendurar nas tetas oficiais.
"O resultado dos testes é tranquilizador", cantaram em dobradinha o presidente do Fed, Ben Bernanke, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner. Os críticos dizem o contrário. Afirmam que esse teste não passou de uma gigantesca enganação e que o Fed bem que tentou levá-lo a sério, mas, no decorrer do processo, afrouxou nos pressupostos. E que não terminou aí porque depois os resultados foram, um a um, negociados com os próprios bancos.
Mesmo antes disso, tanto o Fed como a Secretaria do Tesouro não têm feito outra coisa senão aceitar a pressão dos bancos. Com o argumento de que ficou impossível estimar quanto valem os títulos podres, autorizaram a flexibilização das regras de marcação a mercado.
O resultado dessa decisão foi deixar que os ativos fossem lançados nos balanços pelos valores que os bancos acham que têm e não pelo que de fato valem. A partir disso, os mesmos bancos antes considerados insolventes passaram a exibir lucros cintilantes.
Os testes de estresse não levam em conta o valor de mercado. Somente aferem a solvência do banco se, no seu vencimento, os títulos não forem pagos.
Boa parte dessa desconfiança existe porque as primeiras informações divulgadas com beneplácito do próprio Fed davam conta de necessidades muito maiores de capital do que apenas os US$ 75 bilhões que acabaram sendo anunciados. Como de lá para cá nada de especialmente novo ocorreu, ficou a impressão de que houve concessões demais. Em todo caso, nem o Fed nem o Tesouro estão sendo capazes de dissolver essa impressão.
A esta altura é difícil saber quanto da credibilidade do Fed e do governo Obama está ameaçado de derretimento. Isso provavelmente vai depender dos desdobramentos da crise.
Se a aposta de muitos estiver correta e a economia global se recompuser rapidamente, esses testes terão sido só um mecanismo engenhoso para comprar o tempo e a boa vontade da opinião pública e dos políticos. Nesse caso, mais à frente as autoridades que propuseram e sustentaram o jogo serão celebradas.
Mas, se tudo der errado e desembocar em outra crise de solvência do sistema financeiro americano, o contribuinte será novamente convocado para salvar os bancos.
Confira
Subindo - Ontem, os preços internacionais do petróleo voltaram a encostar nos US$ 60 por barril, atingindo a cotação mais alta desde novembro. Este é mais um sinal de que a economia global está se recuperando.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário