O GLOBO - 25/05
A disrupção do acordo entre os dois principais candidatos oposicionistas abre um novo quadro na campanha eleitoral, com viés de beneficiar a permanência no poder da presidente Dilma. Mas parece inevitável que o PSB marque um distanciamento crítico do PSDB para se tornar uma alternativa real à polarização entre petistas e tucanos.
Obrigado por seu acordo político com o grupo da ex-senadora Marina Silva a rever a estratégia que havia montado no início da campanha, o ex-governador Eduardo Campos vem endurecendo seu discurso também contra o antigo parceiro Aécio Neves, na esperança de se tornar uma escolha palatável ao eleitor petista que está descrente com a atuação de Dilma ou insatisfeito com os rumos que o partido vem tomando.
Campos, com mais propriedade, pois fez parte do grupo lulista até pouco tempo, estaria repetindo a tentativa de Serra em 2010 de se apresentar como uma alternativa a Dilma contra a qual Lula nada teria. Corre menos risco de ser desautorizado por Lula de público, mas é possível que isso ocorra. Na tentativa de preservar um acordo para o segundo turno, é possível que Lula poupe Campos de sua língua ferina.
Embora não tenha uma performance boa nas pesquisas até o momento, Campos conta com o voto útil a seu favor dos petistas que temem mais a vitória do PSDB do que a derrota de Dilma para ele, aí incluído até mesmo Lula. Essa mudança na campanha de Campos tem, porém, diversos obstáculos para ser bem-sucedida, a começar pelo governo de São Paulo, uma das pedras-chave desta disputa.
Abandonando a coligação do governador Geraldo Alckmin, da qual fazia parte há muito, Campos deixará o palanque do PSDB livre para o senador Aécio Neves no maior colégio eleitoral do país, enquanto terá um palanque improvisado e fraco. Foi convencido por Marina de que o desgaste do PSDB depois de 20 anos no poder favorece uma candidatura alternativa.
Em Minas, acontecerá o contrário, pois, ao romper com Aécio em seu território, abrirá mão de compartilhar com ele a provável vitória no segundo maior colégio eleitoral do país. A contrapartida do rompimento em Pernambuco não será tão dolorosa para os tucanos, já que o eleitorado do estado não é dos maiores.
O senador Aécio Neves considera que a atitude de radicalizar a campanha também contra o PSDB é um sinal de desespero do PSB diante do fraco desempenho nas pesquisas. Mas, mesmo os do PSB e da Rede favoráveis a um acordo no segundo turno entre os dois acham que, no momento, é mais positivo para Campos se distanciar de Aécio e tentar uma marca própria para a campanha.
Sobre o assunto, gravei um vídeo para O Globo a Mais, semana passada, onde analisava a nova fase da campanha eleitoral, delicada para os candidatos de oposição, que, juntos, já mostram força para levar a eleição para o segundo turno, mas, separados, ainda não têm condições de vencer a presidente Dilma Rousseff.
Só destruirá as pontes construídas até o momento aquele candidato que se considerar em condições de aglutinar em torno de um projeto político próprio a maioria dos eleitores que querem mudanças; somente Marina Silva teria esse perfil, se fosse a candidata.
Mas ela está levando o ex-governador Eduardo Campos a experimentar esse caminho solitário que só se tornará eficaz caso ele se transforme em um fenômeno eleitoral, o que é difícil de imaginar. Ou na hipótese de vir a disputar um segundo turno com o candidato tucano Aécio Neves, o que a esta altura parece improvável.
Campos vai ter que equilibrar os próximos passos para não inviabilizar o apoio do PSDB em um eventual segundo turno. O que pode pesar a mão no PSB é a influência de uma esquerda próxima ao petismo, cujo representante mais influente é o vice-presidente, Roberto Amaral, ex-ministro de Lula, que nunca viu com bons olhos a aproximação com os tucanos.
O senador Aécio Neves vai exercitando um dos dons mais característicos da política mineira, a paciência. Não partirá dele qualquer gesto de rompimento com Campos, mesmo porque está convencido de que quem vai para o segundo turno é ele, e precisará do apoio do PSB para derrotar Dilma.
Obrigado por seu acordo político com o grupo da ex-senadora Marina Silva a rever a estratégia que havia montado no início da campanha, o ex-governador Eduardo Campos vem endurecendo seu discurso também contra o antigo parceiro Aécio Neves, na esperança de se tornar uma escolha palatável ao eleitor petista que está descrente com a atuação de Dilma ou insatisfeito com os rumos que o partido vem tomando.
Campos, com mais propriedade, pois fez parte do grupo lulista até pouco tempo, estaria repetindo a tentativa de Serra em 2010 de se apresentar como uma alternativa a Dilma contra a qual Lula nada teria. Corre menos risco de ser desautorizado por Lula de público, mas é possível que isso ocorra. Na tentativa de preservar um acordo para o segundo turno, é possível que Lula poupe Campos de sua língua ferina.
Embora não tenha uma performance boa nas pesquisas até o momento, Campos conta com o voto útil a seu favor dos petistas que temem mais a vitória do PSDB do que a derrota de Dilma para ele, aí incluído até mesmo Lula. Essa mudança na campanha de Campos tem, porém, diversos obstáculos para ser bem-sucedida, a começar pelo governo de São Paulo, uma das pedras-chave desta disputa.
Abandonando a coligação do governador Geraldo Alckmin, da qual fazia parte há muito, Campos deixará o palanque do PSDB livre para o senador Aécio Neves no maior colégio eleitoral do país, enquanto terá um palanque improvisado e fraco. Foi convencido por Marina de que o desgaste do PSDB depois de 20 anos no poder favorece uma candidatura alternativa.
Em Minas, acontecerá o contrário, pois, ao romper com Aécio em seu território, abrirá mão de compartilhar com ele a provável vitória no segundo maior colégio eleitoral do país. A contrapartida do rompimento em Pernambuco não será tão dolorosa para os tucanos, já que o eleitorado do estado não é dos maiores.
O senador Aécio Neves considera que a atitude de radicalizar a campanha também contra o PSDB é um sinal de desespero do PSB diante do fraco desempenho nas pesquisas. Mas, mesmo os do PSB e da Rede favoráveis a um acordo no segundo turno entre os dois acham que, no momento, é mais positivo para Campos se distanciar de Aécio e tentar uma marca própria para a campanha.
Sobre o assunto, gravei um vídeo para O Globo a Mais, semana passada, onde analisava a nova fase da campanha eleitoral, delicada para os candidatos de oposição, que, juntos, já mostram força para levar a eleição para o segundo turno, mas, separados, ainda não têm condições de vencer a presidente Dilma Rousseff.
Só destruirá as pontes construídas até o momento aquele candidato que se considerar em condições de aglutinar em torno de um projeto político próprio a maioria dos eleitores que querem mudanças; somente Marina Silva teria esse perfil, se fosse a candidata.
Mas ela está levando o ex-governador Eduardo Campos a experimentar esse caminho solitário que só se tornará eficaz caso ele se transforme em um fenômeno eleitoral, o que é difícil de imaginar. Ou na hipótese de vir a disputar um segundo turno com o candidato tucano Aécio Neves, o que a esta altura parece improvável.
Campos vai ter que equilibrar os próximos passos para não inviabilizar o apoio do PSDB em um eventual segundo turno. O que pode pesar a mão no PSB é a influência de uma esquerda próxima ao petismo, cujo representante mais influente é o vice-presidente, Roberto Amaral, ex-ministro de Lula, que nunca viu com bons olhos a aproximação com os tucanos.
O senador Aécio Neves vai exercitando um dos dons mais característicos da política mineira, a paciência. Não partirá dele qualquer gesto de rompimento com Campos, mesmo porque está convencido de que quem vai para o segundo turno é ele, e precisará do apoio do PSB para derrotar Dilma.
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