FOLHA DE SP - 16/01
SÃO PAULO - Prestes a confirmar oficialmente sua candidatura a presidente, Eduardo Campos (PSB) está mais preocupado em tornar-se um rostinho conhecido para a eleição de 2018 do que em derrotar Dilma Rousseff agora. Se a prioridade fosse tirar o PT do Planalto neste ano, o governador pernambucano abriria mão da disputa em favor de Marina Silva, sua aliada, afinal.
Mulher, ambientalista, de origem humilde e evangélica, a ex-ministra do Meio Ambiente, por diversas razões, é muito mais competitiva do que Campos, ainda que Dilma seja a candidata mais forte em qualquer cenário e ainda que eleições não tenham a previsibilidade de uma operação matemática. Com o pernambucano na disputa, a presidente não é favorita, é favoritíssima.
O principal entrave para Campos é justamente o fato de que ele é um ilustre desconhecido para grande parte do eleitorado e de que precisaria dispor de muito tempo de exposição no horário eleitoral para tentar viabilizar-se numa corrida curta como a presidencial.
O presidenciável do PSB terá menos tempo na televisão do que Aécio Neves e muito menos do que Dilma. Marina também teria pouca visibilidade no horário eleitoral, mas, diferentemente do colega, se resolvesse hoje caminhar pela praça da Sé, não correria o mínimo risco de passar despercebida.
Além disso, as pesquisas mostram que Campos não herda a totalidade dos votos da ex-ministra, a despeito de todo o barulho causado pela aliança que firmaram em 5 de outubro. O Datafolha de dezembro mostrou que Dilma tem 42% das intenções de voto contra 26% de Marina e 15% de Aécio. Quando o candidato é Campos, o resultado é 47% para Dilma, 19% para Aécio e 11% para o pernambucano.
Tudo pode acontecer em política, é claro, e o ano é longo, mas Campos é hoje candidato muito mais a ser líder da oposição em 2015 do que a presidente da República.
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