O Estado de S.Paulo - 16/01
A inflação de dezembro veio bem mais alta do que o projetado e o próprio Banco Central, na ocasião, reconheceu o fato. Por isso, o quase consenso de que o Copom decidiria por iniciar 2014 com uma elevação de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros sofreu uma quebra.
Nos últimos dias e, principalmente, nas vésperas da primeira reunião do ano, aumentou o número dos que apostavam numa alta de 0,5 ponto na taxa Selic. Mas, ainda assim, quase 70% dos analistas consultados pela 'Agência Estado', mantiveram a preferência por uma elevação mais suave dos juros básicos.
O cálculo dessa maioria, que acabou não prevalecendo, se sustentava em duas âncoras, ambas registradas na ata da reunião do Copom, de fins de novembro. A primeira mencionava o fato de que o ciclo de altas da Selic já era longo, tendo começado em abril. A outra lembrava que a ação cumulativa da política monetária sobre a inflação se dá com defasagens no tempo. A combinação das duas declarações foi lida pela maior parte dos analistas como uma indicação de que o ciclo de altas, além de estar perto do fim, passaria por uma suavização antes de se encerrar.
As pressões previstas para a trajetória da inflação em 2014, sobretudo depois da surpresa negativa de dezembro, no entanto, acenderam luzes amarelas no painel de comando do Copom. As projeções conhecidas, de fato, indicam que a inflação mensal rondará 6% na maior parte do ano, podendo ultrapassar o teto da meta em alguns meses.
Com isso, a ideia de que o colegiado moderaria o passo dos juros básicos, ainda que indicando estar pronto a intensificar as altas, mas preferindo primeiro observar a evolução das condições macroeconômicas, foi substituída por outra menos acomodatícia. O lacônico comunicado divulgado no fim da reunião, ressaltando que as altas tiveram início em abril, transmite a mensagem de que o atual ciclo promete não só ser mais longo, mas com altas mais agressivas do que antes previsto.
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