FOLHA DE SP - 22/12
BRASÍLIA - O ex-presidente Lula tem uma obsessão: desalojar os tucanos do comando do Estado de São Paulo, última cidadela oposicionista com poder para enfrentar a hegemonia liderada pelo PT no país.
Para tanto, Lula criou até uma mitologia própria sobre o Estado que o abrigou, acusando o tucanato de ser a última expressão autocrática de uma linhagem que remonta aos barões do café. Não por acaso, classifica o movimento de 1932 de golpe.
O momento tenderia a favorecer Lula, que logrou o primeiro êxito ao colocar o poste Fernando Haddad na prefeitura paulistana. Geraldo Alckmin sofre o desgaste das duas décadas de seu grupo no poder, e as graves suspeitas envolvendo o cartel dos trens pairam em nuvens carregadas.
Para a "Missão Bandeirantes", Lula sacou da cartola o ministro Alexandre Padilha (Saúde). Desconhecido e jovem, ele poderia emular a trajetória de Haddad na capital e avançar além dos tais 30% de eleitorado cativo do PT no Estado.
Hoje ele tem um dígito nas pesquisas, mas é consenso que irá crescer. Resta saber quanto, ainda mais sob o impacto da hecatombe que foi o primeiro ano da gestão de Haddad.
Aqui entra um fator imponderável: a candidatura do peemedebista Paulo Skaf, o presidente da Fiesp que tem feito uma pré-campanha tão descarada que até o abúlico TSE já emitiu sinais de que ele pode se dar mal.
A exposição ampla deu a Skaf um patamar sólido de 20% das preferências. Até há pouco tempo, Padilha contava com isso para forçar o segundo turno com Alckmin, assumindo, é claro, que seria ele o adversário.
Agora Skaf briga com Haddad sobre o IPTU paulistano, tema sensível àqueles que Padilha quer conquistar.
No PT, isso reforça a ideia de que as bandeiras do prefeito são danosas ao partido, mas há os que identificam em Skaf mais do que um "tertius" útil como Celso Russomanno foi em 2012, e sim uma ameaça. De todo modo, o sinal amarelo está aceso.
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