CORREIO BRAZILIENSE - 22/12
Está difícil harmonizar os interesses dos parlamentares com os da sociedade. O Congresso sempre dá jeito de encontrar alguma forma de repor mordomias extintas por exigência do cidadão. Desta vez, é a economia proporcionada pela pressão para eliminar com os acintosos 14º e 15º salários que acaba de ir por água abaixo. Os pagamentos extras, que custavam R$ 27,3 milhões anuais, foram retirados em fevereiro.
Mas, além de recuperar essa despesa, abrindo mais 152 vagas de cargos comissionados, reajustando a cota de atividade parlamentar e aumentando o auxílio-moradia, os gastos chegam ao fim do ano engordados em R$ 21,6 milhões. Ou seja, o Legislativo federal fecha 2013 abocanhando R$ 43,2 milhões a mais de verbas públicas. É um círculo vicioso, no qual nenhuma regalia desaparece sem que outra apareça logo adiante.
A lógica é a da lei do Gerson - a de sempre levar vantagem em tudo. Discursos de austeridade só servem para tentar enganar o eleitor e embalar desmandos. Mas o eleitorado não se deixa iludir. Pelo contrário. Já em janeiro, a vergonha em forma de descrédito era estampada em pesquisa sobre a confiança do brasileiro nas instituições, com o Congresso posicionado na rabeira do ranking, apenas à frente dos partidos políticos, conforme apurou a Fundação Getulio Vargas, ao medir o Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil).
Um dos principais pilares da democracia, o Legislativo obteve 19% de menções positivas, contra, por exemplo, 75% conferidos às Forças Armadas, 56% à Igreja Católica, 53% ao Ministério Público, 46% à imprensa, 41% ao governo federal, 39% às polícias e ao Judiciário, 35% às emissoras de tevê e 7% - notem a coerência! - às legendas que compõem a Câmara e o Senado. As duas Casas também foram mal avaliadas pela população depois dos protestos de junho, com 56% e 55% de desaprovação, respectivamente, em pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Ainda que indissociáveis, a descrença no Poder preocupa mais do que a gastança exacerbada. Um Congresso forte, a serviço do interesse público, não tem preço, pois refletirá positivamente em toda a vida nacional, com o aperfeiçoamento do Estado e da própria democracia. O oposto - como se vê hoje - é o retrocesso. E não haverá luz no fim do túnel sem uma reforma política verdadeira, único instrumento capaz de cavar a saída do buraco, para iluminar e arejar o ambiente.
Desacreditar apenas, portanto, é mais que improdutivo, pernicioso. Tampouco adianta o eleitor acreditar em Papai Noel e achar que pode mudar tudo no ano-novo que se aproxima. As eleições de outubro são, sim, grande possibilidade para a construção de um Congresso revigorado em 2015. Mas o cidadão precisa levar sua consciência para além das urnas, acompanhar o dia a dia da legislatura, cobrar seus eleitos. Afinal, renovações que repetem o círculo fazem parte da história do Legislativo.
Mas, além de recuperar essa despesa, abrindo mais 152 vagas de cargos comissionados, reajustando a cota de atividade parlamentar e aumentando o auxílio-moradia, os gastos chegam ao fim do ano engordados em R$ 21,6 milhões. Ou seja, o Legislativo federal fecha 2013 abocanhando R$ 43,2 milhões a mais de verbas públicas. É um círculo vicioso, no qual nenhuma regalia desaparece sem que outra apareça logo adiante.
A lógica é a da lei do Gerson - a de sempre levar vantagem em tudo. Discursos de austeridade só servem para tentar enganar o eleitor e embalar desmandos. Mas o eleitorado não se deixa iludir. Pelo contrário. Já em janeiro, a vergonha em forma de descrédito era estampada em pesquisa sobre a confiança do brasileiro nas instituições, com o Congresso posicionado na rabeira do ranking, apenas à frente dos partidos políticos, conforme apurou a Fundação Getulio Vargas, ao medir o Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil).
Um dos principais pilares da democracia, o Legislativo obteve 19% de menções positivas, contra, por exemplo, 75% conferidos às Forças Armadas, 56% à Igreja Católica, 53% ao Ministério Público, 46% à imprensa, 41% ao governo federal, 39% às polícias e ao Judiciário, 35% às emissoras de tevê e 7% - notem a coerência! - às legendas que compõem a Câmara e o Senado. As duas Casas também foram mal avaliadas pela população depois dos protestos de junho, com 56% e 55% de desaprovação, respectivamente, em pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Ainda que indissociáveis, a descrença no Poder preocupa mais do que a gastança exacerbada. Um Congresso forte, a serviço do interesse público, não tem preço, pois refletirá positivamente em toda a vida nacional, com o aperfeiçoamento do Estado e da própria democracia. O oposto - como se vê hoje - é o retrocesso. E não haverá luz no fim do túnel sem uma reforma política verdadeira, único instrumento capaz de cavar a saída do buraco, para iluminar e arejar o ambiente.
Desacreditar apenas, portanto, é mais que improdutivo, pernicioso. Tampouco adianta o eleitor acreditar em Papai Noel e achar que pode mudar tudo no ano-novo que se aproxima. As eleições de outubro são, sim, grande possibilidade para a construção de um Congresso revigorado em 2015. Mas o cidadão precisa levar sua consciência para além das urnas, acompanhar o dia a dia da legislatura, cobrar seus eleitos. Afinal, renovações que repetem o círculo fazem parte da história do Legislativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário