O GLOBO - 10/12
Nunca conheci pessoas mais dogmáticas do que aquelas que falam em pluralidade o tempo todo, assim como nunca conheci pessoas mais intolerantes do que as que pregam tolerância o tempo todo. A esquerda caviar que o diga: seu discurso é só da boca pra fora. Pura retórica vazia.
A imprensa brasileira tem claro viés de esquerda. Os jornalistas e colunistas “progressistas” estão em muito maior quantidade do que os assumidamente conservadores ou liberais. O mesmo ocorre na academia, com as universidades dominadas pelo marxismo. Eis um fato facilmente comprovado no dia a dia.
De uns tempos para cá, porém, tem ocorrido uma tímida reação, e a direita tem conquistado algum espaço. Ainda é minoria, sem dúvida. Não obstante, essa presença tem sido suficiente para despertar o pânico nos esquerdistas, acostumados com sua confortável hegemonia.
Basta ver a reação geral. Míriam Leitão chegou a escrever um artigo contra a tal “direita hidrófoba” que, segundo ela, empobrece o debate no país. Mas seu texto só tinha ofensas e rótulos, sem argumentos. É assim que o debate será elevado pelos “moderados”?
A ombudsman da “Folha” rotulou Reinaldo Azevedo de “rotweiller” logo após seu artigo de estreia no jornal, que continha apenas argumentos e fatos. Paulo Nogueira afirmou que a “Veja” virou um veículo de Olavo de Carvalho, ignorando Caio Blinder e outros que lá escrevem com viés de esquerda. Ainda me colocou no rol dos “discípulos entusiasmados” do filósofo. Ignorância ou má-fé?
Verissimo, em sua coluna de domingo, disse que só há economistas liberais seguidores de Hayek na imprensa, enquanto um “herói” isolado chamado Paul Krugman enfrenta todos na defesa do keynesianismo. Como pode alguém inverter totalmente os fatos com tanta cara de pau? Gostaria de saber um só economista “austríaco” na imprensa, à minha exceção.
A esquerda acusa os jornais independentes de fazerem parte da tal “mídia golpista”. Mas, usando o caso deste jornal, temos o próprio Verissimo, Francisco Bosco, Caetano Veloso e tantos outros defensores da esquerda, até mesmo a mais radical (PSOL, black blocs etc). Na “Folha” temos Vladimir Safatle, Clovis Rossi, Andre Singer e vários outros também.
Ou seja, o que a esquerda parece não suportar é justamente a pluralidade que tanto diz defender. Prega a “diversidade”, desde que todos concordem com seus pensamentos. Não tolera aqueles que ousam discordar com mais veemência de suas bandeiras politicamente corretas.
Olavo de Carvalho resumiu bem a coisa: “Só o que isso prova é que esses sujeitos acham tão natural ser donos da mídia, que a simples presença de um bicho estranho no seu curral lhes causa uma indignação sincera e dolorida.”
Alguns chegaram a levantar a tese de que a internet e as redes sociais estariam polarizando demais o debate político. Mas tenho uma tese alternativa: a internet tem dado voz a uma imensa quantidade de pessoas cansadas justamente da hegemonia de esquerda na grande imprensa.
Enquanto o casamento da Daniela Mercury ou o jantar beneficente de artistas em homenagem a Amarildo parecem ser as notícias mais importantes do mundo em alguns veículos, o povo quer saber de saneamento básico que não chega nas favelas, ou da polícia prendendo bandidos, que não são vistos como “vítimas da sociedade”, como ocorre com boa parte da esquerda.
Pesquisas recentes do Datafolha mostram que metade da população defende menos estado, menos impostos, e mais liberdade individual. Mas qual o partido que endossa tais propostas? Qual partido prega a redução do papel estatal na economia e em nossas vidas? A direita é órfã política.
É isso que finalmente começa a mudar. A direita liberal ou conservadora esboça uma reação, ainda que tardia. Há ventos de mudança no ar. Os eleitores estão cansados do domínio esquerdista na política, e os leitores estão saturados da hegemonia de esquerda na imprensa.
Qualquer democracia avançada tem partidos fortes conservadores ou liberais, e veículos de imprensa abertamente de direita, como a Fox americana, para se contrapor à CNN ou à MSNBC. É parte do jogo democrático.
Já no Brasil, até o PSDB é visto como “neoliberal” ou “direita”, um partido que em qualquer lugar do mundo desenvolvido seria visto como centro-esquerda. Isso mostra a hegemonia esquerdista em nosso país, assim como o atraso de nosso debate político.
A direita democrática acordou, e tem avançado. Isso está tirando o sono da esquerda, que reage com histeria, rótulos e ofensas. Precisa aprender a conviver com o contraditório. Isso é democracia.
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