O GLOBO - 09/11
O real volta a se desvalorizar, tendência que deve se firmar quando o Fed começar a atenuar política expansionista. Planalto precisa estar preparado
Ainda em maio, em uma das periódicas prestações de contas do presidente do banco central americano, Fed, ao Senado, Ben Bernanke admitiu que estava próximo o momento em que a instituição começaria a atenuar a política de "relaxamento monetário", pela qual mensalmente são injetados US$ 85 bilhões na economia, por meio da recompra de títulos do Tesouro e hipotecas.
Dado o sinal de que os juros, praticamente zerados nos Estados Unidos, voltariam a subir, houve uma rápida mudança nos fluxos globais de divisas, e muito dinheiro voltou ao mercado americano. Em decorrência, o dólar se valorizou, no Brasil e em todo o lugar. Mais em países com os "fundamentos" menos preparados para resistir a choques externos - contas fiscais, inflação, crescimento. O Brasil entre eles.
O Fed, em setembro, deixou claro o adiamento do recuo na política expansionista. Veio a suspensão de várias atividades na máquina burocrática americana, por falta de dinheiro no orçamento, devido à briga entre democratas e republicanos, além da chegada à beira do precipício do teto de endividamento do Tesouro. Mas quando se esperava que todo aquele imbróglio havia reduzido em alguma medida o ímpeto da recuperação americana, aconteceu o oposto: a economia cresceu 2,8% no terceiro trimestre, acima das expectativas (deve ter se expandido mais que o Brasil). E ontem, para confirmar a tendência, informou-se que em outubro foram criados mais 200 mil empregos, acima da mais otimista das estimativas.
Volta-se, ainda com mais força, a se admitir o início do fim da política de estímulo à economia.
E o real novamente se desvaloriza (o dólar encerrou a semana em R$ 2,318). Entenda-se: mais pressão sobre a já elevada inflação brasileira.
O problema é mais amplo, como apontou o ex-ministro Delfim Netto, em entrevista ao "Valor Econômico", ele, aliado de primeira hora dos governos do PT, desde a posse de Lula em 2003.
Alerta Delfim que a coincidência da retirada do pé no acelerador da economia dos EUA com o previsto rebaixamento da nota de risco de crédito do Brasil provocará uma "tempestade perfeita".
Afinal, se acavalarão duas pressões pela fuga de divisas do país, e numa conjuntura em que a credibilidade na política econômica brasileira como um todo, a fiscal em particular, está em queda vertiginosa.
Na entrevista, Delfim Netto lembrou 1979, 1983, 1998 e 2002, quando houve outras "tempestades perfeitas", com enorme stress no câmbio: dólar nas alturas, necessidade de elevação rápida nos juros, e, por decorrência, recessão.
Os sinais fortes de recuperação americana pressionam o governo Dilma a reagir de forma rápida às desconfianças em relação ao seu governo. Na imprensa americana já se especula sobre a possibilidade de o Fed anunciar o freio na política expansionista na sua reunião do mês que vem. O tempo, para o Planalto, ganhou velocidade.
Dado o sinal de que os juros, praticamente zerados nos Estados Unidos, voltariam a subir, houve uma rápida mudança nos fluxos globais de divisas, e muito dinheiro voltou ao mercado americano. Em decorrência, o dólar se valorizou, no Brasil e em todo o lugar. Mais em países com os "fundamentos" menos preparados para resistir a choques externos - contas fiscais, inflação, crescimento. O Brasil entre eles.
O Fed, em setembro, deixou claro o adiamento do recuo na política expansionista. Veio a suspensão de várias atividades na máquina burocrática americana, por falta de dinheiro no orçamento, devido à briga entre democratas e republicanos, além da chegada à beira do precipício do teto de endividamento do Tesouro. Mas quando se esperava que todo aquele imbróglio havia reduzido em alguma medida o ímpeto da recuperação americana, aconteceu o oposto: a economia cresceu 2,8% no terceiro trimestre, acima das expectativas (deve ter se expandido mais que o Brasil). E ontem, para confirmar a tendência, informou-se que em outubro foram criados mais 200 mil empregos, acima da mais otimista das estimativas.
Volta-se, ainda com mais força, a se admitir o início do fim da política de estímulo à economia.
E o real novamente se desvaloriza (o dólar encerrou a semana em R$ 2,318). Entenda-se: mais pressão sobre a já elevada inflação brasileira.
O problema é mais amplo, como apontou o ex-ministro Delfim Netto, em entrevista ao "Valor Econômico", ele, aliado de primeira hora dos governos do PT, desde a posse de Lula em 2003.
Alerta Delfim que a coincidência da retirada do pé no acelerador da economia dos EUA com o previsto rebaixamento da nota de risco de crédito do Brasil provocará uma "tempestade perfeita".
Afinal, se acavalarão duas pressões pela fuga de divisas do país, e numa conjuntura em que a credibilidade na política econômica brasileira como um todo, a fiscal em particular, está em queda vertiginosa.
Na entrevista, Delfim Netto lembrou 1979, 1983, 1998 e 2002, quando houve outras "tempestades perfeitas", com enorme stress no câmbio: dólar nas alturas, necessidade de elevação rápida nos juros, e, por decorrência, recessão.
Os sinais fortes de recuperação americana pressionam o governo Dilma a reagir de forma rápida às desconfianças em relação ao seu governo. Na imprensa americana já se especula sobre a possibilidade de o Fed anunciar o freio na política expansionista na sua reunião do mês que vem. O tempo, para o Planalto, ganhou velocidade.
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