CORREIO BRAZILIENSE - 09/11
Nem a maquiagem criativa, o famoso jeitinho brasileiro, salva. Pelo contrário. A cada dia, aumenta a desconfiança externa sobre o Brasil. O rombo de R$ 9 bilhões nas contas públicas - o pior da série histórica pesquisada pelo Banco Central para um setembro - somou-se, na quinta-feira, à informação de que o índice de inflação oficial, o IPCA, quase dobrou em outubro.
Juntos, todos os indicadores praticamente corroboram o que disse Marina Silva: se o governo Dilma tem uma marca, essa marca é a do retrocesso na economia. No mercado, avaliam economistas, a situação pode piorar e muito se o Brasil for rebaixado pelas agências de classificação de risco e perder o grau de investimento. É como se o país caísse para a série B das economias emergentes.
Enquanto isso, a presidente capricha na pirotecnia eleitoral. A novidade da vez é a reserva para afrodescendentes de 20% das vagas em concursos públicos. O PT está no poder há 11 anos. Por que só agora, a menos de 12 meses da próxima eleição, anuncia tal medida?
Ora, pesquisa do próprio IBGE mostra que afrodescendentes - por mérito, e nada mais - ocupam hoje 45% dos postos no serviço público em âmbito federal, estadual e municipal. O número real, claro, deve ser bem maior que esse. Afinal, quem no Brasil não é afrodescendente? Somos uma mistura racial tão grande que é quase impossível apontar um branco de verdade no país.
O sangue da miscigenação, como bem observou Gilberto Freyre, corre em nossas veias, apesar de uma classe média que se acha elite - e tem vergonha de se declarar afrodescendente - continuar olhando de viés para quem é pobre. Pior ainda se o pobre tiver a pele negra e for mulher. A discriminação e o preconceito são inegáveis. Daí a se investir em cotas raciais, em vez de em educação pública de boa qualidade, faz toda a diferença. Não é à toa que o analfabetismo voltou a crescer no país.
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