FOLHA DE SP - 03/11
RIO DE JANEIRO - Na petição em que pedem o início dos procedimentos de recuperação judicial da petroleira OGX, entregue quarta-feira à Justiça do Rio, os advogados de Eike Batista demonstram o mesmo otimismo que marcou as declarações do empresário nos últimos anos.
De acordo com o documento, a dívida da empresa é de R$ 11,2 bilhões, mas é mencionada a estimativa de US$ 17,2 bilhões em receitas que poderão vir da exploração de dois campos petrolíferos --ao câmbio oficial, uma bolada de R$ 38,63 bilhões.
Os advogados afirmam que as reservas de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, "podem propiciar receitas de US$ 11 bilhões", e que o campo BS-4, na Bacia de Santos, pode render outros US$ 6,2 bilhões. Como fonte das avaliações, citam estudos de empresas "de renome internacional" e "reconhecida competência".
Visto assim, o restabelecimento da petroleira parece fácil. Como afirma a petição, "as impetrantes têm motivos de sobra para acreditar num resultado amplamente favorável deste processo de recuperação judicial". Mas, ao explicar os motivos que levaram à dívida, a peça processual afirma que "a ninguém é dado precisar a quantidade de óleo e de gás que encontrará nas fontes desses elementos".
Menciona ainda um documento registrado na CVM que aponta o risco de nenhum poço ser "economicamente viável". Traduzindo: o petróleo pode estar lá, mas não na quantidade imaginada, ou sua extração se torna uma operação tão cara que não vale a pena. Foi o que aconteceu nos campos de Tubarão Azul, Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia.
A falência de uma grande empresa, como a OGX, não deveria interessar a ninguém. Deteriora a imagem do Brasil no cenário internacional, leva ao desemprego de milhares de pessoas, prejudica acionistas. Resta-nos então torcer para que as perspectivas otimistas dos advogados da OGX se sobreponham às realistas.
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