FOLHA DE SP - 21/10
BRASÍLIA - No plano original, hoje era dia certo e garantido de festa, cenário perfeito para imagens a serem gravadas e guardadas para a campanha da reeleição da presidente Dilma, a mentora do processo.
Só que o primeiro leilão de petróleo do pré-sal pelas novas regras de partilha de produção está envolvido num ambiente de apreensão e pode ocorrer num clima de guerra.
Não por outro motivo, a ordem palaciana é "não cantar vitória" antes da hora, para evitar frustrações. Mas foi o próprio governo que idealizou o novo modelo que acabou criando dificuldades para sua estreia.
O sistema de partilha já era visto como intervencionista quando criado no período Lula, mas o estilo Dilma de governar só fez aumentar nas petroleiras privadas o temor de que a mão pesada do Planalto interfira demais na exploração do pré-sal.
Resultado: o número de competidores ficou bem abaixo do esperado pelo governo. E há o risco de apenas um consórcio disputar o leilão.
De outro lado, planejado para fortalecer a Petrobras, o novo modelo terá seu primeiro leilão com a maior estatal brasileira enfraquecida por obra e graça de quem desejou tonificá-la. Algo paradoxal.
Entre a descoberta do pré-sal, em 2007, e hoje, o endividamento da petroleira nacional saltou de R$ 49 bilhões para R$ 176 bilhões e seu valor de mercado despencou 34%.
Reflexo da política palaciana de segurar o preço dos combustíveis para tentar conter a inflação. Estratégia que prejudicou o caixa da estatal e não surtiu o efeito desejado.
Enfim, muita coisa saiu fora do script original, montado pela presidente. O modelo precisa de reparos para atrair interessados em futuros leilões. Não significa, porém, que esteja tudo errado. Há acertos.
Só o campo de Libra vai gerar R$ 270 bilhões para educação e saúde, prova da relevância do pré-sal para o Brasil. Bem explorado, vai nos levar ao Primeiro Mundo. Mal, será mais uma chance perdida. A conferir.
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