FOLHA DE SP - 21/10
RIO DE JANEIRO - O primeiro ficou 56 dias preso em Brasília, envolvido num suposto esquema de desvio de verbas federais no Amapá em 2010.
O segundo foi multado em R$ 1,1 milhão pelo Tribunal de Contas do Amazonas no mês passado, por 35 irregularidades encontradas na sua prestação de contas quando era prefeito de Eirunepé, em 2005.
O terceiro foi preso pelo Exército, acusado de fazer boca de urna em 2010. Dois anos depois, foi eleito prefeito de Boca da Mata, Alagoas.
Praticamente desconhecidos do mundo da bola, Roberto Góes, Dissica Valério e Gustavo Feijó fazem parte do pequeno grupo que vai escolher, em abril, o responsável por comandar a mais alta entidade do futebol brasileiro, a CBF.
Os três presidem as federações dos seus Estados. No colégio eleitoral da confederação, eles são maioria, com 27 votos no pleito.
O poder deles é superior ao dos clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro deste ano. Juntos, os times, como Flamengo e Corinthians, têm os outros 20 votos em jogo na corrida eleitoral. Responsáveis pela festa em campo, os jogadores, que ontem fizeram protesto antes de cada partida pedindo bom senso, não têm nem poder de voto.
Herdeiro político de Ricardo Teixeira, que ficou 23 anos no poder, o atual presidente da CBF, José Maria Marin, trata com carinho os obscuros cartolas regionais.
Em campanha silenciosa para fazer o paulista Marco Polo Del Nero seu sucessor na eleição, Marin dobrou os repasses para as federações. O "mensalinho", como é chamado pelos cartolas, pulou em um ano de R$ 30 mil para R$ 60 mil mensais. Pelo menos 18 federações declararam, em seus balanços, que receberam, no mínimo, R$ 732 mil no ano passado. No total, Marin gastou quase R$ 20 milhões com eles. Com tanto dinheiro, não será fácil para a oposição derrotar Marin e Del Nero.
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