CORREIO BRAZILIENSE - 12/10
Grandes poderes vêm sempre acompanhados de grande responsabilidade. Maior economia do planeta, os Estados Unidos dão as cartas no ritmo do comércio internacional, e os títulos de sua dívida soberana representam a poupança externa de importantes mercados desenvolvidos e emergentes, incluindo o Brasil. É então razoável a preocupação geral com o impasse parlamentar que paralisa, desde o começo do mês, a administração do presidente Barack Obama, colocando em risco o crescimento do PIB do país e, por tabela, lançando novas dúvidas sobre a esperada e ainda frágil retomada global.
Os sucessivos fracassos na tentativa de se chegar a um acordo entre o governo democrata e a oposição republicana ainda podem levar a uma dor de cabeça maior. Para completar o cenário de crescente aflição, o risco de a superpotência dar inédito calote nos credores, já a partir da próxima quinta-feira, é real. Sem a autorização do Congresso para o Executivo elevar o teto da dívida, atualmente em US$ 16,7 trilhões, o Departamento do Tesouro avisa que não terá condições de honrar os compromissos a partir dessa data.
Após assistir nos últimos anos a sustos vindos da Europa e dos próprios EUA, como efeitos recorrentes da crise de 2008, o mundo está, há dias, prestes a ter de encarar um duríssimo golpe. Basta lembrar que os papéis do Tesouro norte-americano servem de marco zero em termos de avaliação de risco de crédito dos países. Uma ruptura nessa condição de melhor pagador provocaria rebaixamento generalizado, com efeitos devastadores nos mercados.
As economias emergentes já concentravam a atenção na economia norte-americana, mais especificamente no Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). O alívio para o câmbio e as contas externas dos países, sobretudo o Brasil, com o adiamento na suspensão da política de estímulos financeiros, durou pouco. O surgimento de outro problema vindo de Washington continua tirando o sono dos governos.
O pior do imbróglio é saber que eventual recessão mundial como desfecho dessa novela, com aumento do desemprego e tombo nas bolsas de valores, não tem origem em problemas tipicamente econômicos, mas em rancores de um grupo de políticos insatisfeito até hoje com a chegada de Obama ao poder, desde janeiro de 2009. Apesar de o presidente ter herdado dos rivais a maior crise econômica desde 1929, além de duas guerras, os vencidos em duas eleições insistem em colocar pedras no caminho para vê-lo tropeçar, sem se importar com os outros que cairão junto.
A cruzada ideológica da minoria conservadora, como descreveu o primeiro presidente negro dos EUA, está custando caro demais ao mundo. A farsa e a chantagem adotadas pelos republicanos liderados pelo presidente da Câmara, John Boehner, "para manter o país como refém de suas demandas", como ele assinalou, envolve bem mais o sistema universal de saúde proposto por Obama e referendado pelas urnas e pela Suprema Corte. Inviabilizam uma máquina de Estado, ameaçam a segurança nacional e ainda oferecem o caos financeiro global em razão de puro preconceito.
Os sucessivos fracassos na tentativa de se chegar a um acordo entre o governo democrata e a oposição republicana ainda podem levar a uma dor de cabeça maior. Para completar o cenário de crescente aflição, o risco de a superpotência dar inédito calote nos credores, já a partir da próxima quinta-feira, é real. Sem a autorização do Congresso para o Executivo elevar o teto da dívida, atualmente em US$ 16,7 trilhões, o Departamento do Tesouro avisa que não terá condições de honrar os compromissos a partir dessa data.
Após assistir nos últimos anos a sustos vindos da Europa e dos próprios EUA, como efeitos recorrentes da crise de 2008, o mundo está, há dias, prestes a ter de encarar um duríssimo golpe. Basta lembrar que os papéis do Tesouro norte-americano servem de marco zero em termos de avaliação de risco de crédito dos países. Uma ruptura nessa condição de melhor pagador provocaria rebaixamento generalizado, com efeitos devastadores nos mercados.
As economias emergentes já concentravam a atenção na economia norte-americana, mais especificamente no Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). O alívio para o câmbio e as contas externas dos países, sobretudo o Brasil, com o adiamento na suspensão da política de estímulos financeiros, durou pouco. O surgimento de outro problema vindo de Washington continua tirando o sono dos governos.
O pior do imbróglio é saber que eventual recessão mundial como desfecho dessa novela, com aumento do desemprego e tombo nas bolsas de valores, não tem origem em problemas tipicamente econômicos, mas em rancores de um grupo de políticos insatisfeito até hoje com a chegada de Obama ao poder, desde janeiro de 2009. Apesar de o presidente ter herdado dos rivais a maior crise econômica desde 1929, além de duas guerras, os vencidos em duas eleições insistem em colocar pedras no caminho para vê-lo tropeçar, sem se importar com os outros que cairão junto.
A cruzada ideológica da minoria conservadora, como descreveu o primeiro presidente negro dos EUA, está custando caro demais ao mundo. A farsa e a chantagem adotadas pelos republicanos liderados pelo presidente da Câmara, John Boehner, "para manter o país como refém de suas demandas", como ele assinalou, envolve bem mais o sistema universal de saúde proposto por Obama e referendado pelas urnas e pela Suprema Corte. Inviabilizam uma máquina de Estado, ameaçam a segurança nacional e ainda oferecem o caos financeiro global em razão de puro preconceito.
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