O GLOBO - 15/09
Cinco anos se passaram desde que a quebra do que era uma das mais renomadas instituições americanas na área de investimentos financeiros (o Lehman Brothers) desencadeasse uma crise de confiança na economia mundial que só tem precedentes na Grande Depressão dos anos 1930. Em uma série de reportagens, entrevistas e artigos que rememoram a crise, as páginas da Editoria de Economia do GLOBO mostraram nos últimos dias as implicações da crise no Brasil e como hoje os especialistas veem o futuro.
Ainda se discute se a crise foi uma decorrência de falhas de mercado ou de regulação inapropriada. O fato é que os bancos centrais passaram a ter uma presença mais marcante nesse ambiente regulatório, e que os limites para expansão do crédito se tornaram mais restritivos. Na Europa, apesar das críticas ao modelo de ajuste, as economias que estavam mais desequilibradas quando a crise eclodiu prosseguem em processo de redução gradativa de dívidas e déficits públicos, e algumas até já apresentam uma modesta reação (Portugal, por exemplo).
Nos Estados Unidos, a ação das autoridades monetárias em sincronia com o Tesouro evitou que houvesse uma avalanche financeira após a quebra do Lehman Brothers, carregando de roldão indústrias que foram marcantes na economia americana, em especial as gigantes fábricas de veículos. No Japão, a crise prolongou o baixo crescimento em que a economia se acomodara, e medidas de estímulo tiveram de ser postas em práticas.
A esperança que o mundo emergente, capitaneado pela China, pudesse tocar o barco até que as economias mais desenvolvidas reagissem, confrontou-se com uma dura realidade, e a desaceleração também o atingiu.
O Brasil parecia ter encontrado uma fórmula mágica capaz de fazer com que o país atravessasse a crise quase incólume. Mas tal fórmula virou um bumerangue já que o estímulo ao consumo, sem contrapartida no investimento, gerou pressões inflacionárias perigosas e desmontou um dos alicerces em que se calcara a recuperação da economia brasileira nos primeiros anos da década passada: o progressivo ajuste das finanças públicos, a partir de substanciais superávits primários.
Intervenções de governos nas economias, em função da crise, foram quase generalizadas, mas no Brasil serviram também como pretexto para retrocessos de política econômica, com a veia estatizante voltando a predominar em muitas iniciativas. Tal recaída foi severamente punida pelos resultados frustrantes que a economia registrou, e agora há uma tentativa, necessária, de a economia brasileira se tornar novamente atrativa para investimentos. Infelizmente, perdeu-se tempo. Espera-se que se tenha aprendido uma importante lição.
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