CORREIO BRAZILIENSE - 17/09
Nem só do suspense sobre o voto de Celso de Mello no caso do mensalão vive Brasília. A menos de 20 dias do prazo fatal para filiação partidária daqueles que desejam ser candidatos nas eleições de 2014, a ansiedade dos políticos atinge o ápice. Em especial, a ex-ministra Marina Silva e o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical. Paulinho ainda tem alguma chance de conseguir o registro antes de 5 de outubro, a data limite para quem deseja concorrer no ano que vem. No caso de Marina, ninguém com experiência nesses trâmites legais para criação de partidos confia na possibilidade de sucesso da Rede. É triste, mas não se pode colocar a culpa apenas nos trâmites jurídicos.
Marina começou tarde. Em fevereiro deste ano, quando reuniu seus simpatizantes e futuros partidários num salão de eventos de Brasília e deflagrou a busca por assinaturas para a Rede, todo mundo dizia que o tempo era exíguo e as chances de sucesso, reduzidas.
Não por acaso, a cúpula da Rede esteve reunida ontem. Obviamente, ninguém comenta assim, de público, mas a sensação dos seguidores de Marina, hoje, é igual à daquelas pessoas que observam o pôr do sol à beira da piscina ou do lago nesta temporada de seca em Brasília. Ainda há algumas réstias de esperança como aquele calor do solzinho de fim de tarde, mas algumas já se levantam da cadeira para pegar um casaco. No caso, buscar um novo partido.
Para alguns, Marina jogou alto demais. Achou que, por ser uma novidade no cenário político nacional, haveria toda uma gama de voluntários em busca da assinaturas. Muitos se apresentaram, mas bem menos do que seria necessário para pular as fogueiras da burocracia. Esta semana, por exemplo, o seu partido sequer faz parte da pauta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por lá, a tendência é votar o Pros, que recebeu um pedido de vistas na semana passada e, ainda, “cuidar dos governadores”.
O “cuidar dos governadores” é o que tecnicamente é conhecido como “recurso contra a expedição do diploma”. O caso em questão na sessão de hoje, por exemplo, se refere ao deputado Assis Carvalho (PT-PI), acusado pelos adversários de compra de votos, mas servirá também para 11 governadores que hoje respondem por casos semelhantes. Se o TSE não acolher o recurso de Assis Carvalho, os governadores estão fora. Esse tema certamente tomará muito tempo dos ministros e, assim, Marina e o próprio Solidariedade, de Paulinho da Força, vão ficando para trás. Embora decidida a lutar por seu partido, tem gente aconselhando Marina a buscar um casaquinho.
Por falar em casaquinho…
Os senadores correram ontem a fim de aprovar a minirreforma eleitoral, que reduz o período das campanhas. No início da noite estavam reunidos para tentar votar tudo, nem que varassem a madrugada. Sabe como é… Com tanta gente e partido novo no pedaço, quem tem o poder não quer saber de deixar espaço livre. Esse é o outro viés da minirreforma apresentada pelos grandes partidos como uma proposta que visa a, apenas, baratear as campanhas. Pode até ser, leitor, mas nunca é demais lembrar que os parlamentares jamais adotam com tanta pressa de votação qualquer medida capaz de prejudicá-los. Alguma coisa quem está no poder ganhará com esse projeto.
Enquanto isso, no Planalto…
Muita consternação entre assessores da presidente Dilma pela morte de 12 pessoas nos Estados Unidos, vítimas de um atirador, ontem, numa base da Marinha americana, em Washington. Mas ninguém deixou de comentar que, enquanto as autoridades daqueles país vasculham a vida de Dilma e de outros presidentes, deixam de cuidar dos descontrolados em seu próprio território. Tristeza.
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