O GLOBO - 09/08
A nossa Polícia Militar vive um momento delicado. Tem vasta experiência no combate ao crime nas ruas, mas recentemente enfrentou um problema inédito: passeatas de jovens, que começaram com um protesto contra a alta nas passagens de ônibus e chegaram ao auge no cerco ao prédio onde mora o governador Sérgio Cabral.
Ultimamente, as ruas têm estado sossegadas, mas não há qualquer garantia de que a desordem não reapareça a qualquer momento: o comportamento dos jovens, aqui como em qualquer outro país, é sempre imprevisível. Não custa, portanto, que as autoridades fiquem de olho. O que talvez explique, em parte, pelo menos, a troca de comando na Polícia Militar, decidida esta semana depois de um dia inteiro de reuniões presididas pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
O motivo oficial da mudança foi uma decisão do coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, que cancelara a punição de PMs em casos de infrações leves. Mas certamente pesou na troca do comando a lembrança da falta de eficiência da tropa no episódio das passeatas.
Inclusive porque o novo comandante, coronel Luís Castro, não afastou o cancelamento das punições: disse que a ideia não era ruim, precisava apenas ser aperfeiçoada. Principalmente, ele não se esqueceu de mencionar que será revista a ação da PM nas passeatas. Com duas medidas sensatas: dialogar com os jovens líderes dos protestos de rua e só usar militares identificados e fardados no controle dos movimentos de rua. Até agora, portanto, só palavras sensatas. Como estas: “O direito constitucional tem de ser respeitado.” Isso é, evidentemente, óbvio. Mas é sempre reconfortante ouvi-lo de uma autoridade fardada.
No momento, não há notícia nem boato sobre possíveis manifestações de rua. Mas, obviamente, elas nunca são anunciadas — e, frequentemente, são espontâneas e não planejadas. Seja como for, há motivo para se esperar que, caso os jovens mais uma vez se comportem mal, o pessoal de farda mostre que aprendeu bastante para não imitá-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário