O GLOBO - 21/06
O anúncio da conformação da Aliança do Pacífico, em nosso próprio espaço geográfico, nos pegou no contrapé e serviu para acirrar o apelo para que o Governo se lance, de vez, em negociações de acordos comerciais, na ânsia de evitar a perda irreparável dos poucos espaços que ainda restam para nossos bens industrializados nos mercados mundiais.
Até os EUA e a União Europeia estão negociando a abertura recíproca de seus mercados. É bem verdade que o Brasil, em meio às manobras dilatórias da Argentina, também tem buscado lançar sua bandeira a favor da retomada da negociação Mercosul-UE.
Mas, antes de nos comprometer em novos empreendimentos negociadores, e mesmo com vistas à possível retomada da Rodada Doha, deveríamos adotar, de uma vez por todas, um modelo de negociação de espectro mais amplo, que inclua dispositivos regulatórios, deixando de nos aferrar apenas ao conceito clássico de acesso a mercados, voltado basicamente para calendários de desgravação tarifária.
Hoje, diante da grave defasagem competitiva que vive a indústria brasileira, a negociação de acordos comerciais deveria estar focada em uma dimensão estratégica, que adote, a partir de nossos interesses, padrões globais e uma regulação transfronteiriça para nosso comércio.
Trata-se de estabelecer instrumentos comerciais que nos possibilitem integrar nossas práticas de mercado aos padrões de vanguarda no comércio e nas cadeias de produtividade dos mercados internacionais, ajudando-nos, com isso, a superar ou, pelo menos, mitigar a persistente crise de competividade em que vive o país na indústria de transformação.
Ainda que já tardiamente, não podemos postergar o início de um debate mais aprofundado que identifique, sob essa nova perspectiva, os reais interesses da classe empresarial, que é, afinal, a principal beneficiada - ou prejudicada - nas negociações comerciais. Cabe a ela opinar, em primeira mão, dentro de cada segmento produtivo e comercial, sobre o alcance das concessões a serem efetuadas e dos pleitos a serem apresentados no quadro negociador, de forma a orientar e balizar a posição brasileira. Só assim os acordos comerciais poderão trazer benefícios estruturais para a economia do país.
A proposta do setor empresarial ao Governo deve ser abrangente e precisa, arrolando suas pretensões e também seus limites. Caberá ao Governo e aos negociadores brasileiros a responsabilidade de defendê-la, ao coordenar-se com o Mercosul e na mesa de negociações extrabloco.
A realidade hoje impõe repensar nosso modelo negociador. A menos que nos conformemos em participar como meros coadjuvantes das cadeias de produção global, impedindo-nos de escapar da perversa armadilha de sermos grandes fornecedores de "commodities", mas produtores de manufaturados apenas para o mercado doméstico, crescentemente tolhido, aliás, pela competividade externa.
Até os EUA e a União Europeia estão negociando a abertura recíproca de seus mercados. É bem verdade que o Brasil, em meio às manobras dilatórias da Argentina, também tem buscado lançar sua bandeira a favor da retomada da negociação Mercosul-UE.
Mas, antes de nos comprometer em novos empreendimentos negociadores, e mesmo com vistas à possível retomada da Rodada Doha, deveríamos adotar, de uma vez por todas, um modelo de negociação de espectro mais amplo, que inclua dispositivos regulatórios, deixando de nos aferrar apenas ao conceito clássico de acesso a mercados, voltado basicamente para calendários de desgravação tarifária.
Hoje, diante da grave defasagem competitiva que vive a indústria brasileira, a negociação de acordos comerciais deveria estar focada em uma dimensão estratégica, que adote, a partir de nossos interesses, padrões globais e uma regulação transfronteiriça para nosso comércio.
Trata-se de estabelecer instrumentos comerciais que nos possibilitem integrar nossas práticas de mercado aos padrões de vanguarda no comércio e nas cadeias de produtividade dos mercados internacionais, ajudando-nos, com isso, a superar ou, pelo menos, mitigar a persistente crise de competividade em que vive o país na indústria de transformação.
Ainda que já tardiamente, não podemos postergar o início de um debate mais aprofundado que identifique, sob essa nova perspectiva, os reais interesses da classe empresarial, que é, afinal, a principal beneficiada - ou prejudicada - nas negociações comerciais. Cabe a ela opinar, em primeira mão, dentro de cada segmento produtivo e comercial, sobre o alcance das concessões a serem efetuadas e dos pleitos a serem apresentados no quadro negociador, de forma a orientar e balizar a posição brasileira. Só assim os acordos comerciais poderão trazer benefícios estruturais para a economia do país.
A proposta do setor empresarial ao Governo deve ser abrangente e precisa, arrolando suas pretensões e também seus limites. Caberá ao Governo e aos negociadores brasileiros a responsabilidade de defendê-la, ao coordenar-se com o Mercosul e na mesa de negociações extrabloco.
A realidade hoje impõe repensar nosso modelo negociador. A menos que nos conformemos em participar como meros coadjuvantes das cadeias de produção global, impedindo-nos de escapar da perversa armadilha de sermos grandes fornecedores de "commodities", mas produtores de manufaturados apenas para o mercado doméstico, crescentemente tolhido, aliás, pela competividade externa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário