FOLHA DE SP - 28/04
O futuro do futebol será jogar, de rotina, e não só em partidas heroicas, como fizeram os alemães?
Um leitor me perguntou por que os times brasileiros, e de todo o mundo, com superatletas, amparados pela tecnologia e pela ciência, não repetem, com frequência, o ritmo alucinante e a sufocante marcação por pressão, como fizeram Bayern de Munique e Borussia Dortmund, nas goleadas sobre Barcelona e Real Madrid.
Essas são partidas especiais, heroicas. Não dá para ser herói em todos os jogos. Os apressados já tiraram milhares de conclusões por causa de dois resultados atípicos. Um jogador do Borussia, substituído nos minutos finais da partida, tinha uma cara muito mais de sofrimento, de dor, pela exaustão física e emocional, do que de alegria.
Será esse o futuro do futebol, com atletas perfeitos fisicamente, atuando, de rotina, no limite físico, associados ao talento individual? Ou será a união do futebol com o rúgbi?
Muitas equipes que atuam com essa intensidade jogam mal e perdem. A garra está próxima da intranquilidade. Muitos técnicos acham que pressionar demais quem está com a bola é um suicídio, pois, quando a marcação avança e não recupera a bola, abrem-se grandes espaços na defesa. Esse tem sido um dos vários problemas do Barcelona, que não desarma tanto quanto antes.
A seleção brasileira, contra o Chile, não pressionou nem recuou, para marcar com muitos jogadores. O Chile, também só com jogadores que atuam na América do Sul, a maioria reserva da seleção principal, foi, coletivamente, muito melhor. Eles também tiveram pouco tempo para treinar. A razão principal da inexistência de jogo coletivo da seleção brasileira não é a falta de tempo, e sim porque nosso futebol desaprendeu a jogar coletivamente.
Real Madrid e Barcelona, que está em uma situação muito pior, só chegarão à final se fizerem partidas heroicas, além de atuações desastrosas dos alemães e de uma sequência favorável de acasos.
Nem mesmo os mistérios do futebol são capazes de ocultar tantas surpresas.
Assistirei, em Munique, pela TV, às partidas de volta da Copa dos Campeões da Europa. É uma viagem de férias, já programada há meses, por duas semanas. Torci, no sorteio, para que o segundo jogo fosse em Munique. Já tinha até planejado como comprar o ingresso. Dei azar.
MAMATA
Para aproveitar a festa da Copa, o governo, brevemente, vai anistiar todas as dívidas dos clubes, com as alegações de que os clubes são de interesse social, que não visam lucros e que vão quebrar, segundos os dirigentes, se não houver o perdão. Justificam ainda que haverá contrapartida, com os clubes investindo em projetos sociais e na formação de atletas olímpicos. Tudo balela! Essa mamata afronta o cidadão.
Os clubes, que arrecadam hoje muito mais do que antes, são balcões de negócios, rodeados de dezenas de interesses, alguns escusos. Com a anistia, vão aumentar ainda mais os gastos, até oficializarem mais um calote.
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