É provável que nenhuma das 80/90 pessoas ali reunidas quisesse trocar o Rio por qualquer outro lugar do mundo para morar. Mas isso não impediu que sobrassem críticas à cidade no encontro de segunda-feira da série Mitos Cariocas, dentro do projeto OsteRio, que discute o nosso futuro como metrópole. O tema da noite era "Malandro ou criativo? O jeito carioca e sua influência". Junto com o publicitário Lula Vieira e o jornalista Gilberto Scofield, participei da mesa, coordenada pelo economista David Zilbersztajn. Como naquela plateia especial havia cabeças que sabem muito bem como pensar e/ou agir para melhorar o Rio, coube a nós a modesta tarefa de levantar questões e suscitar temas para discussão.
É difícil resumir o que foi tratado num debate descontraído, bem-humorado e não convencional. Além desse formato original, o que houve de mais interessante a meu ver foi a pluralidade das opiniões, em que a única unanimidade era a paixão pelo Rio. A uma crítica, surgia sempre uma defesa. O carioca adora falar mal do Rio, mas não suporta ouvir o outro falando. Só eu posso criticar.
Quando, por exemplo, Scofield usou sua experiência como correspondente em capitais como Washington e Pequim para concluir que os serviços daqui são os piores do mundo - "Não quero ser amigo de garçons simpáticos que dão tapinhas nas costas; quero que eles me atendam com eficiência" - alguém contra-argumentou fazendo graça: "Isso é porque você não conhece os serviços de Paris."
Entre as nossas mazelas e problemas urbanos a serem lamentados, foram citados a falta de educação e de higiene, o desrespeito ao outro, a violência no trânsito, enfim, a maneira pouco civilizada com que o carioca trata a sua cidade, sem falar na complacência com o ilegal confundido com o informal, na tolerância com o desvio que vira norma e na promiscuidade da polícia com o crime.
Nem tudo o que de bom é atribuído à velha malandragem é de se jogar fora, como um certo fair-play, um jeito otimista de enfrentar o infortúnio e driblar a adversidade (não por acaso, o nosso padroeiro é um santo zen, São Sebastião, que mesmo flechado mantém a serenidade). Mas o malandro típico, de terno branco e navalha, não existe mais; ou virou traficante ou foi parar no samba de Chico Buarque: "Malandro candidato a malandro federal/Malandro com retrato na coluna social;/Malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal."
Esse é encontrado aqui também, mas age mais em Brasília.
É difícil resumir o que foi tratado num debate descontraído, bem-humorado e não convencional. Além desse formato original, o que houve de mais interessante a meu ver foi a pluralidade das opiniões, em que a única unanimidade era a paixão pelo Rio. A uma crítica, surgia sempre uma defesa. O carioca adora falar mal do Rio, mas não suporta ouvir o outro falando. Só eu posso criticar.
Quando, por exemplo, Scofield usou sua experiência como correspondente em capitais como Washington e Pequim para concluir que os serviços daqui são os piores do mundo - "Não quero ser amigo de garçons simpáticos que dão tapinhas nas costas; quero que eles me atendam com eficiência" - alguém contra-argumentou fazendo graça: "Isso é porque você não conhece os serviços de Paris."
Entre as nossas mazelas e problemas urbanos a serem lamentados, foram citados a falta de educação e de higiene, o desrespeito ao outro, a violência no trânsito, enfim, a maneira pouco civilizada com que o carioca trata a sua cidade, sem falar na complacência com o ilegal confundido com o informal, na tolerância com o desvio que vira norma e na promiscuidade da polícia com o crime.
Nem tudo o que de bom é atribuído à velha malandragem é de se jogar fora, como um certo fair-play, um jeito otimista de enfrentar o infortúnio e driblar a adversidade (não por acaso, o nosso padroeiro é um santo zen, São Sebastião, que mesmo flechado mantém a serenidade). Mas o malandro típico, de terno branco e navalha, não existe mais; ou virou traficante ou foi parar no samba de Chico Buarque: "Malandro candidato a malandro federal/Malandro com retrato na coluna social;/Malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal."
Esse é encontrado aqui também, mas age mais em Brasília.
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