O Estado de S.Paulo - 17/04
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) responde por mais de 20% do crédito no País e seus desembolsos foram de R$ 37,2 bilhões no primeiro trimestre, quantia 52% maior do que no mesmo período de 2012. Números expressivos, que contradizem as projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de que o aumento dos investimentos do setor secundário seria de apenas 4% neste ano, como previu o presidente da entidade.
Mas, de fato, nem todos os números apresentados pelo BNDES são positivos, pois tanto as consultas - que são a etapa inicial dos pedidos de crédito - quanto os enquadramentos caíram em relação a 2012. O argumento é de que grandes operações distorceram a base de comparação, mas estas são usuais no BNDES.
As aprovações cresceram 51% entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013 e os desembolsos de crédito às micro, pequenas e médias empresas evoluíram 50% no período. Para o setor industrial como um todo, as liberações aumentaram 109%. Mas, no tocante aos empréstimos à infraestrutura, os desembolsos caíram - um mau sinal, dada a precariedade da infraestrutura do País.
Predominou o esforço do banco em demonstrar que a economia reage e retoma o investimento (embora influenciado pelas vendas de ônibus e caminhões), e que os números do primeiro trimestre, inclusive os do varejo, foram melhores do que fazem crer as análises dos especialistas. Cabe indagar se a tentativa de infundir otimismo nos agentes econômicos está bem fundamentada.
O banco quer fomentar investimentos, sem atentar para o fato de que empréstimos, principalmente os grandes, precisam estar fundados em projetos realmente exequíveis e rentáveis. O retraimento dos investimentos do setor privado revela algum receio de expor, no projeto, uma pretensão de rentabilidade que não seja bem vista por este governo. O interesse do governo no investimento não deveria predominar, mas aparece quando a União quer financiar projetos de resultados incertos, como o do trem-bala.
O BNDES teve queda de lucro entre 2011 e 2012, teve sua classificação rebaixada na agência Moody's e fez empréstimos a empresas que acabaram insolventes, como no ramo do leite. A direção do banco se diz tranquila com outros empréstimos vultosos, dirigidos a projetos privados ou nos quais os sócios são, majoritariamente, estatais. No entanto, é mais que hora de ampliar a transparência da carteira de crédito do BNDES.
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